Educação financeira nas escolas: por que é tão importante?
Ensinar crianças e jovens a lidar melhor com dinheiro é desafio importante para a formação de adultos com mais consciência financeira
Além da obrigatoriedade de inserção de educação financeira nas novas normas da Base Nacional Comum Curricular, também há projetos voluntários que trabalham com o tema.
O aprendizado da educação financeira é ferramenta essencial para formar cidadãos que sabem lidar bem com dinheiro. Não é à toa que as novas normas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) colocaram o tema como obrigatório na grade escolar do País.
Na BNCC está previsto o currículo mínimo a ser ensinado nas escolas. Ele vale da educação infantil até o ensino médio. Antes de mais nada, a ideia, que passou a ser colocada obrigatoriamente em prática neste ano, é que a educação financeira deve ser abordada de maneira transversal, nas diferentes aulas e projetos dos colégios.
Mas por que a educação financeira nas escolas é tão importante? Basta pensar que boa parte dos brasileiros adultos enfrentam questões como endividamento e inadimplência. Elas são causadas principalmente pela falta de conhecimento sobre gestão financeira. Ou seja, os brasileiros em geral não sabem lidar bem com dinheiro porque nunca aprenderam a fazer isso.
Dessa forma, começar a ensinar o tema nas escolas é uma forma de melhorar o cenário na base. “Há quem pense que as crianças não têm discernimento para lidar com as finanças. Porém notamos que com 4,5 ou 6 anos elas já reconhecem o dinheiro como um meio para realizar sonhos”, explica o especialista em educação financeira Reinaldo Domingos.
Resultados do ensino são evidentes
Da mesma forma, existem algumas pesquisas que mostram os resultados do ensino da educação financeira nas escolas. Uma delas é da AEF-Brasil em parceria com o Serasa Consumidor e Serasa Experian.
Dentre os resultados, está o fato de um a cada três estudantes afirmar a importância de ter aprendido a poupar após participar de projetos de educação financeira. Da mesma forma, 24% começaram a falar sobre o tema em casa e 21% aprenderam a usar melhor o dinheiro.
Além disso, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), há evidência que, em vários casos, os problemas de dívidas têm causas mais relacionadas à falta de educação financeira do que à falta de renda.
Outro exemplo é um programa-piloto de educação financeira da Enef. Ele foi feito em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e secretarias de educação de diferentes municípios e estados. A implantação aconteceu entre 2010 e 2011 e houve participação de 25 mil estudantes do 2º e 3º anos do ensino médio. Metade deles recebeu as aulas e metade não.
Alguns anos depois, em 2018, a Enef verificou o impacto das aulas no comportamento dos estudantes e observou aumento significativo na proficiência financeira dos alunos que receberam as aulas.
Multiplicando Sonhos leva educação financeira para as escolas
Finalmente, é importante dizer que há projetos voluntários que atuam na área. Um deles é o Multiplicando Sonhos, fundado por Evandro Mello Farias.
“Através da disseminação do conhecimento em educação financeira, a gente espera que esse jovem possa tomar decisões mais conscientes em relação à utilização do dinheiro”, explica. Em 2019, o projeto realizou um piloto com 178 alunos no colégio Dom Pedro, na Zona Leste de São Paulo.
No momento atual, o objeto do Multiplicando Sonhos é entender melhor as demandas dos jovens e reestruturar o projeto para que as aulas presenciais também possam se dar eventualmente em ambiente virtual.
“É essencial levar educação financeira para as escolas públicas, pois é assim que os jovens aprenderão a utilizar o dinheiro de forma mais consciente. A pandemia, inclusive, veio para nos mostrar que de fato precisamos nos preparar para imprevistos e emergências. Outro ponto é que falar em educação financeira é falar em mudança de comportamento para que se façam escolhas mais sustentáveis e conscientes para o mundo”.