Com corte na Selic, ainda vale a pena investir na poupança?
O rendimento da poupança se calcula com 70% da taxa Selic, caso esteja em 8,5% ou menos, mais a Taxa de Referência (TR). Hoje, a TR está zerada e a Selic está em 2%, então a poupança rende 1,4% ao ano.
Apesar do baixo rendimento, a poupança é um investimento popular. Em julho, a caderneta atingiu novo recorde, com R$ 27,14 bilhões depositados a mais do que o valor retirado. É o maior resultado para o mês, de acordo com o Banco Central.
Nesse sentido, com a Selic em baixa e a atual projeção para inflação, esse investimento passa a ter rendimento real negativo, na prática, gera prejuízo. Conforma afirma Renata Berenguer, professora de Finanças e mestra em Administração pela UFPE (Universidade Federal do Pernambuco). Outros investimentos de renda fixa também são influenciados por esses indicadores.
Rendimento da poupança
O rendimento da poupança se calcula com 70% da taxa Selic, caso esteja em 8,5% ou menos, mais a Taxa de Referência (TR). Hoje, a TR está zerada e a Selic está em 2%, então a poupança rende 1,4% ao ano.
É necessário ainda levar em conta a inflação, que atualmente está projetada em 1,71%. Então, há perda de 0,31% no poder de compra ao optar por esse investimento.
Inflação 2020
De acordo com o último Relatório de Mercado Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira (24), a projeção para inflação neste ano é de 1,71%. Há um mês estava em 1,67%. Apesar do aumento, continua abaixo da meta, que é de 4%.
A inflação é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O mesmo, mede a variação de preços de determinado conjunto de produtos e serviços consumido por famílias. São avaliados itens como arroz, feijão, passagem de ônibus, material escolar, ingresso do cinema. Bem como, o peso que cada produto tem no orçamento familiar. O cálculo é feito todos os meses.
Ademais, a projeção para o ano de 2021 está em 3%.
Taxa Selic
Em decisão tomada no dia 5 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom), cortou a Selic de 2,25% para 2% ao ano. Em um cenário de recorrentes baixas.
A taxa Selic se refere aos juros básicos da economia brasileira. É o referencial usado para definir outros tipos de juros, e influencia uma série de investimentos. Desse modo, há cada 45 dias o Copom faz uma reunião a fim de estimular uma meta para o indicador, de acordo com os objetivos pensados para a economia.
Nesse sentido, a taxa é um mecanismo que ajuda a controlar a inflação. Como estamos em um momento de crise econômica, a ação de diminuir a Selic, visa estimular o consumo. Afinal, juros de financiamentos, empréstimos e cartão de crédito diminuem. Porém, o repasse não é integral, há outros fatores analisados.
A saber, a previsão do Banco Central é que a Selic esteja em 3% no próximo ano.
Quanto rende R$ 100 na poupança?
Ao depositar R$ 100 na poupança e deixar o dinheiro lá por um ano, há o rendimento de R$ 1,4, totalizando R$ 101,4. Contudo, considerando a inflação, com perda de 0,31 ponto percentual, há um saldo real de R$ 99,69. Nesse cenário, portanto, se levou em conta a manutenção das taxas atuais da inflação e da Selic.
Investimentos que rendem acima da inflação
Considerar a inflação no momento da escolha de um investimento é importante. Afinal, ao resgatar o dinheiro daqui há 5 anos por exemplo, o investidor quer no mínimo poder comprar a mesma quantidade de itens que compraria quando depositou o dinheiro. Desse modo, é visto que ao longo do tempo a moeda perde poder de compra.
Por isso, é preciso inserir na conta os juros reais, que usam como parâmetro a inflação. Assim sendo, atualmente os juros reais estão em negativo, em -0,31%.
Contudo, há opções de aplicações em renda fixa que podem garantir o poder de compra do investidor. É o caso dos títulos de IPCA+ do Tesouro Direto, que rendem a inflação somada à mais um percentual. Conheça investimentos que melhores que a poupança.