Alugar ou financiar? Saiba qual é a melhor opção no cenário atual
Os juros do financiamento são influenciados pela taxa Selic. No dia 5 de agosto o Copom definiu o indicador em 2% ao ano.
A decisão de alugar ou financiar um imóvel envolve uma série de fatores, como os juros e as parcelas do financiamento, o valor mensal do aluguel e a estabilidade financeira do cidadão.
A porcentagem dos juros do financiamento é influenciada pelos movimentos da taxa Selic. No dia 5 de agosto o Copom (Comitê de Política Monetária) definiu o indicador em 2% ao ano, antes estava em 2,25%.
De acordo com levantamento da Credihome, plataforma digital de crédito imobiliário, de quatro anos pra cá os juros médios referentes ao sistema financeiro de habitação (SFH) tiveram variaram de 12% ao ano para 7%, com queda percentual de cinco pontos.
Apesar da queda, os juros ainda são altos considerando o valor final investido. Segundo o consultor financeiro Douglas Maximiano, o repasse da queda da Selic não é total para os juros. Uma das justificativas usadas pelo setor imobiliário é a quantidade de inadimplentes.
Alugar ou financiar?
Para avaliar se é melhor alugar ou financiar, a pessoa deve levar em conta o valor das parcelas e do aluguel. Primeiramente, é preciso verificar um imóvel de interesse e o preço das parcelas que seriam possíveis pagar por mês.
Feito isso, avaliar preço de aluguéis menores que o da parcela da compra. Pode-se considerar morar por aluguel e investir o valor da diferença entre os dois, até chegar a quantia para comprar o imóvel à vista. O montante final e o tempo devem ser considerados para a escolha.
Simulação
Maximiano explica que esta é uma questão delicada. Fez uma simulação considerando uma casa no valor de R$ 300 mil em um financiamento de 30 anos. Com a taxa de juros à 7,49% ao ano e parcela inicial de R$ 2644,46. Caso a pessoa pague as parcelas corretamente nessas três décadas, resultará no montante de R$ 626.910,04, mais que o dobro o valor do imóvel.
Na mesma simulação se considerou um aluguel que vale R$ 1200, ou seja R$ 1444,46 à menos que o valor da primeira parcela. Considerando o reajuste anual de 10% no valor do aluguel, após 124 meses (pouco mais de 10 anos) o valor acumulado seria de R$ 303.772.
Desse modo, se o cidadão investir a quantia de R$ 1444,46 mensalmente no Tesouro Selic, teria em 15 anos o valor de R$ 300.508,57. Num cenário em que a taxa Selic seja a mesma (2%). Nas condições atuais, se o investidor optasse por ativo de CDB 100% CDI, chegaria ao valor desejado em pouco mais de 15 anos.
Assim sendo, o Tesouro IPCA+ seria a melhor opção dentre as três simuladas. Nesse investimento se chegaria a R$ 302.376 em quase 13 anos. “Se a pessoa entende um pouco mais de investimento e buscar uma rentabilidade de 10% ao ano, ela consegue acumular esses R$ 300 mil reais em 10 ou 11 anos” diz o consultor financeiro.
Outros fatores a serem considerados – Alugar ou financiar
Os objetivos e desejos pessoais também devem ser considerados na escolha de alugar ou financiar. Manter um planejamento financeiro é essencial nas duas opções.
Ademais, no caso do aluguel, há a dependência do dono do imóvel, que tem a liberdade para de pedir para o inquilino sair em algum momento. Todavia, se a pessoa passar por problemas financeiros, pode procurar um lugar com aluguel mais barato. O que não acontece no financiamento, cujos valores das parcelas já estão definidos e a negociação é mais difícil, segundo Maximiano.
Para os imprevistos, o consultor sugere que as pessoas tenham uma reserva de emergência, que poderá ajudar nos dois cenários.
Financiamento de imóveis cresce na pandemia
Como a maioria dos setores, o ramo imobiliário foi afetado pela pandemia. Dito isso, pesquisa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) indicou que em junho houve crescimento de 52,8% nos financiamentos em relação ao mesmo mês de 2019. Esse percentual é referente às compras feitas pelo Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Além disso, houve alta de 24,4% no primeiro semestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Para Maximiano, essa alta se deve ao fato de pessoas que já estavam se planejando comprar uma casa, aproveitarem a queda dos preços e as taxas menores. Quanto a maior diminuição dos valores ele diz que isso dependerá da procura, mas acredita que não haverá quedas mais drásticas.