Palmeiras não tem Mundial? Conheça a história do título de 1951
Torneio realizado no Brasil chegou a ser reconhecido pela Fifa, mas não pelos rivais, que perpetuam a piada de que o Palmeiras não tem Mundial
Um ano depois do trauma do Maracanazo em 1950, o Brasil voltou a receber times do mundo inteiro para um torneio. A Copa Rio de 1951 foi a primeira competição global entre clubes da história. Naquele ano, ninguém pôde dizer que o Palmeiras não tem Mundial.
Palmeiras não tem mundial
O time alviverde superou na final a Juventus, da Itália, e ganhou as manchetes da época como o primeiro campeão do mundo de clubes. Em 2014, a Fifa chegou a reconhecer a conquista como mundial. Mas, em 2019, durante visita ao Brasil, o presidente da entidade máxima do futebol, Gianni Infantino, afirmou que só são campeões mundiais os clubes que conquistaram o título a partir de 1960, ano da primeira edição da Copa Intercontinental.
Claro que os torcedores rivais fazem questão de não reconhecer a conquista. Aliás, a piada de que o Palmeiras não tem Mundial começou em 2012, quando o Corinthians venceu a Copa do Mundo de Clubes contra o Chelsea. Assim, o único grande de São Paulo sem Mundial passou a ser o Palmeiras.
Afinal, o Palmeiras tem ou não tem Mundial? A questão é polêmica até mesmo entre os palmeirenses. Enquanto o comentarista Edmundo afirma que sim, o ex-goleiro Marcos acha que não. E que inclusive é por sua culpa, devido à falha que culminou no gol da vitória do Manchester United da final de 1999. Com ou sem reconhecimento, o título da Copa Rio de 1951 não deixa de ser histórico. Tire suas próprias conclusões a seguir.
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Palmeiras não tem Mundial? A história da Copa Rio
Embora tenha sido realizado com o aval da Fifa, o Torneio Internacional de Clubes Campeões de 1951 foi organizado pela Confederação Brasileira e Desportos, na onda da Copa de 1950. Os representantes brasileiros foram o Palmeiras, campeão paulista de 1950, e o Vasco, vencedor do Carioca. Naquela época, ainda não havia Campeonato Brasileiro e os estaduais tinham um peso bem maior.
O outro representante sul-americano foi o Nacional, campeão uruguaio de 1950. Da Europa, vieram cinco clubes. A CBD queria trazer representantes de Espanha e Inglaterra, mas não conseguiu. Barcelona e Tottenham recusaram os convites, e deram lugar ao Nice, da França, e ao Austria Viena. Estrela Vermelha, da Iugoslávia, e o Sporting, campeão português, também participaram.
Finalmente, a Juventus foi trazida no lugar do Milan, que era o campeão italiano vigente, mas preferiu disputar a Copa Latina, realizada na Europa. O time de Turim, campeão nacional no ano anterior, foi um substituto à altura e teve uma campanha irrepreensível até a fina contra o Palmeiras.
O formato
A Copa Rio de 1951 teve quase a mesma duração de uma Copa do Mundo. Começou no dia 30 de junho e só terminou no dia 22 do mês seguinte. Os dois times foram divididos em dois grupos, um sediado no Rio e outro em São Paulo.
Os dois primeiros colocados de cada chave disputaram as semifinais com jogos de ida e volta. Todas as partidas foram realizadas em dois estádios: o Pacaembu, em São Paulo, e o Maracanã, no Rio de Janeiro, palco da grande final.
A disputa
No grupo do Rio de Janeiro, o Vasco da Gama, base da seleção brasileira de 1950, atropelou todos os adversários. O cruzmaltino avançou com 100% de aproveitamento, com direito a 12 gols marcados em três jogos. O Austria Viena se classificou em segundo lugar, deixando Nacional e Sporting para trás.
O grupo de São Paulo foi dominado pela Juventus, que chegou a golear o Palmeiras por 4 a 0. Mesmo assim, o time paulista avançou em segundo lugar graças às vitórias sobre Nice e Estrela Vermelha. O adversário da semifinal seria o Vasco, no Rio de Janeiro. Mesmo jogando no Maracanã, o Palmeiras venceu o primeiro jogo por 2 a 1 e segurou um empate por 0 a 0 na volta.
A Juventus passou pelo Austria Viena e encarou o Palmeiras na grande decisão no Rio. Mais uma vez, o Alviverde saiu na frente com uma vitória por 1 a 0 no primeiro jogo. Finalmente, no dia 22 de julho de 1951, o gol de Liminha assegurou o título para o time brasileiro em um empate emocionante por 2 a 2, diante de 100 mil pessoas no Maracanã.
Mesmo que hoje os rivais digam que o Palmeiras não tem Mundial, o título foi bastante comemorado na época. Os jornais deram grande repercussão e noticiaram a conquista como tal. Afinal, era um clube brasileiro levantando uma taça no Maracanã um ano depois da derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950. Os heróis palmeirenses foram recebidos por uma multidão nas ruas de São Paulo. Com ou sem reconhecimento, não serão esquecidos pela torcida alviverde.