Por que o Manchester United voltou a ser um dos favoritos do Inglês
Antes potência global, o Manchester United aposta na juventude e no peso da camisa para tentar encerrar um incômodo jejum de títulos
Fazia tempo que o torcedor do Manchester United não chegava tão otimista ao Natal. Mais precisamente, desde a temporada 2012/2013, na última vez em que os Red Devils conquistaram a Premier League.
Na época, o lendário técnico Alex Ferguson estava de despedida, e o clube passou para o comando do banqueiro Ed Woodward, que assumiu o cargo de CEO. Coincidência ou não, começava o período mais difícil da história recente do Manchester United.
No entanto, Ferguson ainda teve tempo de conquistar a Premier League com o time comandado pelo atacante holandês Robin van Persie. Desde então, o Manchester United nunca chegou ao Natal com uma diferença menor do que cinco pontos para o primeiro colocado do Campeonato Inglês. Até este ano.
Com a vitória do último domingo (20) por 6 a 2 sobre o Leeds United, que até então vinha incomodando os grandes, o Manchester United subiu para a terceira posição, a cinco pontos do líder Liverpool, mas com um jogo a menos. Já foi o suficiente para o torcedor voltar a sonhar, ou pelo menos passar um Natal mais tranquilo.
Declínio do Manchester United
Depois que Alex Ferguson se aposentou, o Manchester United não perdeu apenas o técnico mais vitorioso da história do futebol mundial. A julgar pelos resultados dentro de campo e pelas contratações mais baseadas no mercado do que na bola, o time também perdeu sua essência vencedora.
A partir de 2013, portanto, o Manchester United deixou de ser o papa-títulos e se tornou um mero coadjuvante no futebol da Inglaterra. Ainda assim, o maior campeão inglês continua no pódio dos times mais valiosos do futebol no mundo.
Dentro de campo, o último título foi o da Liga Europa de 2017, com o time comandado por José Mourinho. Aliás, o português foi o único dos cinco técnicos pós-Ferguson a levantar um troféu internacional pelos Diabos Vermelhos.
Um deles foi o holandês Louis van Gaal, que não poupou críticas à gestão de futebol do Manchester United depois de sua saída. “Precisava de um diretor com uma visão esportiva, não um banqueiro. Infelizmente, estamos falando de um clube comercial, e não de futebol”, disparou.
A falta de um padrão de jogo, aliada a contratações caras e aleatórias, levou o Manchester United ao calvário o qual tenta sair atualmente. Depois da eliminação na fase de grupos da Champions League, parecia que tudo ficaria na mesma. A tabela do Campeonato Inglês, no entanto, sugere outra coisa.
A volta por cima do Manchester United
O ex-atacante norueguês Ole Gunnar Solskjaer é um amuleto do Manchester United. Afinal, foi dele o gol nos acréscimos que selou uma virada épica sobre o Bayern de Munique na final da Champions League de 1999. Duas décadas mais tarde, é dele a missão de resgatar o protagonismo dos Red Devils.
Contratado logo após a saída de Mourinho, no final de 2018, Solskjaer chegou para ser um “tampão”. Mas, depois que venceu 14 dos 19 jogos restantes na temporada, acabou efetivado. O encanto inicial, no entanto, já se transformou em críticas impacientes dos torcedores. Por outro lado, as últimas atuações deixaram uma impressão diferente.
Solskjaer barrou o francês Paul Pogba, jogador mais caro e badalado do clube. O técnico então promoveu a entrada do jovem escocês McTominay no meio-campo. No ataque, ele apostou no galês David James, de 23 anos. E eles foram os destaques da vitória por 6 a 2 sobre o Leeds.
A esperança do torcedor do Manchester United pode ter voltado, mas pode desaparecer num piscar de olhos em caso de um tropeço no duelo decisivo contra o vice-líder Leicester, no dia seguinte ao Natal. Por outro lado, se os Red Devils vencerem, não será exagero dizer que os diabos estarão no céu.
Dias de glória
Apesar da ascensão do Manchester City, o maior rival do Manchester United é de outra cidade. Afinal, por muito tempo, os Diabos Vermelhos disputaram com o Liverpool o posto de maior campeão inglês. Atualmente, a vantagem é do time de Manchester: 20 taças, contra 19 dos Reds.
Se nos anos 1980 o domínio era do Liverpool, o Manchester United respondeu à altura a partir dos anos 1990. Difícil esquecer, por exemplo, do esquadrão que derrotou o Palmeiras na final do Mundial de 1999. Beckham, Scholes, Giggs e o próprio Solskjaer estavam naquele time.
Depois, veio uma nova geração com Ferdinand, Van der Sar, Rooney… Até a consagração na Champions League de 2008, com a ajuda de Tévez e Cristiano Ronaldo. Atualmente, o elenco do Manchester United pode não ser tão galáctico, mas o time aposta na juventude e no entrosamento para voltar a ser o gigante que conquistou torcedores no mundo inteiro.