Maior roubo da história do futebol? Entenda a polêmica da Libertadores
Jogo polêmico pela Libertadores completou 40 anos em 2021
Em 2021, uma das partidas mais polêmicas da história do futebol brasileiro completou 40 anos. O episódio aconteceu em agosto de 1981, Flamengo e Atlético-MG se enfrentaram em partida do grupo 3 da Libertadores para decidir quem se encaminharia para a semifinal, ainda em formato de grupo. No Serra Dourada, em Goiânia, o juiz José Roberto Wright expulsou cinco jogadores do clube mineiro e, por consequência, deu a vitória do jogo para o time carioca por W.O. Relembre o jogo que é tido por muitos, principalmente atleticanos, como o “maior roubo” da história do futebol”.
Por que jogo do Flamengo x Atlético-MG de 81 é considerado o Maior roubo da história do futebol?
Naquela edição da Libertadores, apenas dois times de cada país (exceto o que tivesse o atual campeão) teriam vagas para a disputa do torneio continental. Flamengo, campeão brasileiro em 1980, e Atlético-MG, vice campeão, foram os representantes brasileiros na competição. As equipes do mesmo país também dividiriam o mesmo grupo para saber quem avançava de fase. Logo, Mengão e Galo formaram o grupo 3, ao lado de Cerro Porteño e Olímpia, ambos do Paraguai.
Assim foi em cada grupo: o 1 tinha River Plate e Rosário Central, da Argentina, e Deportivo Cali e Junior, da Colômbia; o 2 tinha Peñarol e Bella Vista, do Uruguai, e Estudiantes de Mérida e Portuguesa de Acarigua, da Venezuela. Todos os cinco grupos seguiam essa norma.
O time campeão de cada um avançaria para a semifinal, que, com dois outros grupos (A e B), decidiria os finalistas da edição. O então detentor do título na época, Nacional-URU (vencedor de 1980), entraria direto na semifinal.
Como foi Flamengo x Atlético-MG da Libertadores de 1981?
No Grupo 3, Flamengo e Atlético Mineiro terminaram a fase de grupos com uma campanha quase idêntica: duas vitórias e quatro empates nas seis partidas disputadas. Inclusive, os dois duelos entre os brasileiros foram 2 a 2, tanto no Mineirão, em Belo Horizonte, como no Maracanã, no Rio de Janeiro. Por isso, os times deveriam decidir a classificação em uma partida de desempate, como pré-estipulado antes da competição.
Para um teórica neutralidade, o estádio Serra Dourada, em Goiânia, foi escolhido pela CONMEBOL para sediar o jogo decisivo da Libertadores. A decisão não agradou atleticanos, que queriam jogar no Morumbi, em São Paulo, mas agradou os flamenguistas, que haviam sugerido o palco de Goiás.
Depois, o árbitro José Roberto Wright foi escolhido para apitar a partida, pois os nomes de José de Assis Aragão e Arnaldo César Coelho não agradavam, respectivamente, o time mineiro e o carioca.
Após as decisões serem tomadas, a partida estava marcada para o dia 31 de agosto. Ambos os times partiram do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste do Brasil e jogaram o confronto naquela segunda-feira.
O jogo já começou muito ríspido e com divididas fortes entre as equipes, gerando cinco cartões amarelos para o time mineiro e um para o time carioca. Porém, foi aos 33 minutos do primeiro tempo que a situação mudou de vez.
Em jogada no meio de campo, Reinaldo, craque e artilheiro do Atlético-MG, acertou um carrinho em Zico, ídolo do Flamengo, e foi expulso de forma direta com o cartão vermelho. Os jogadores do Galo se irritaram e partiram para cima do árbitro Wright, que tentou controlar a situação e ordenou que o jogo seguisse.
Pouco tempo depois, após falta marcada a favor do time mineiro, Éder e o juiz se entranharam em campo, o que também gerou a expulsão do atacante por Wright. Após o segundo cartão vermelho, os jogadores se revoltaram e os dirigentes do clube de Belo Horizonte invadiram o campo para discutir com o responsável pelo apito. A polícia entrou em campo e se iniciou uma troca de empurrões, xingamentos e discussões de representas do Atlético com o árbitro.
Na sequência, Chico, também do Galo, foi expulso por xingar e insinuar que Wright estava roubando para o time carioca e a diretoria alvinegra mandou que os jogadores, e a comissão técnica, saíssem de campo, em forma de protesto. No meio dessa confusão, Carlos Alberto Silva, treinador, e Palhinha, meio-campista, também receberam o cartão vermelho e estavam de fora do confronto, deixando o time mineiro com sete jogadores no gramado.
Após vários minutos de discussão, o árbitro José Roberto Wright tentou reiniciar a partida com policiais protegendo as beiradas do campo, em uma espécie de cordão humano, e o Atlético-MG apenas com sete jogadores, sendo dois reservas. Instantes depois, o goleiro atleticano João Leite deitou no gramado, sentindo lesão, mas o jogo seguiu normalmente.
Após falta do Flamengo, a maca foi permitida a entrar no campo, mas o responsáveis se recusaram. O árbitro Wright se direcionou ao goleiro mineiro, que estava cercado de companheiros, e após outra discussão, expulsou Osmar Guarnelli, defensor atleticano, que segurava a bola na mão nesse tempo, e sacramentou o fim da partida. Com apenas seis atletas, o Galo perdeu a partida de W.O. para o Flamengo. O que gerou mais confusão no Serra Dourada.
Os jogadores dos times permaneceram em campo após toda a confusão e a equipe de arbitragem saiu do gramado. Wright, saindo em direção ao vestiário, falou para os repórteres: “não poderia permitir a palhaçada”.
Apesar do empate no jogo por 0 a 0, o Flamengo foi dado como o vencedor da partida também em decisão da CONMEBOL após análise do ocorrido, mesmo com pedido de anulação do jogo por parte do Atlético-MG. O time carioca avançou para o grupo A da semifinal, terminou em primeiro e enfrentou o Cobreloa, do Chile, na final da Libertadores. Após vencer uma e perder outra, o Mengão saiu vitorioso da partida de desempate e se tornou campeão da edição de 1981 do torneio.
Ainda naquele ano, o Flamengo venceu o Liverpool, da Inglaterra, por 3 a 0 no Japão e foi campeão mundial de clubes.
Depois de muitos anos sem esquecer aquela noite no Serra Dourada, o Atlético Mineiro finalmente conseguiu o título da Libertadores, em 2013, em um time comandado por Cuca e estrelado por Ronaldinho Gaúcho.
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