Clubes contra a Globo: Flamengo não é o primeiro a brigar com a emissora
Negociação de direitos de transmissão e outras tretas: veja os casos de clubes que se voltaram contra a Globo
O Flamengo protagonizou a mais recente briga de clubes contra a Globo ao recusar a renovação do contrato de direitos de TV do Campeonato Carioca. Assim, a transmissão dos jogos decisivos do estadual do Rio acabou ficando com os canais dos times no Youtube, e a grande final passou no SBT.
Mas o Flamengo só pôde negociar com o SBT graças à aproximação com o presidente Jair Bolsonaro, que sancionou a Medida Provisória 984. Com isso, os direitos de transmissão passaram a ser do clube mandante. Mais um golpe na Globo, pois os clubes que fecharam com a Turner podem ter seus jogos transmitidos na TNT mesmo que o time visitante tenha fechado com a emissora carioca.
Apesar de toda essa disputa, a Globo poderá transmitir normalmente os jogos do Flamengo no Campeonato Brasileiro, seja na TV aberta ou fechada. Afinal, para os jogos da liga nacional, a emissora ainda tem contrato com o clube até 2024. Ainda assim, a briga acabou mudando a forma de negociação de direitos de TV. No entanto, não foi a primeira insurgência de clubes contra a Globo – e nem deverá ser a última. Relembre outros casos a seguir.
Clubes contra a Globo
Palmeiras
Os primeiros cinco jogos do Palmeiras no Brasileirão de 2019 não tiveram transmissão pela Globo, porque as duas partes não tinham chegado a um acordo sobre a negociação dos direitos de transmissão. O clube não aceitava receber menos pelo fato de ter assinado com a Turner para a TV fechada. Só a partir da sexta rodada a emissora aceitou pagar o valor normal, e enfim pôde exibir os jogos do Alviverde na TV aberta e no pay-per-view.
Athletico
Sem acordo para a transmissão dos jogos do Campeonato Paranaense, o Athletico impediu a entrada de emissoras em seus jogos no estadual de 2018 e chegou a pregar uma peça na Globo. Na ocasião, o Furacão se recusou a enviar os melhores momentos de uma vitória sobre o Londrina. Em vez disso, mandou três minutos reunindo os piores momentos, com lances mostrando jogadores caindo e jogadas sem perigo, sem o gol que definiu a partida.
Red Bull Bragantino
Campeão da última edição da Série B e candidato a ser uma das sensações do Brasileirão 2020, o Red Bull Bragantino é o único clube que não assinou contrato com a Globo para as transmissões de seus jogos na TV aberta, e ainda não tem nenhum acordo para a TV fechada. O clube recusou uma proposta de R$ 30 milhões e decidiu exibir seus jogos apenas pelo Youtube.
A emissora apresentou uma contraproposta e conseguiu encerrar o impasse ao condicionar o valor final à quantidade de jogos transmitidos e à posição final do time no campeonato. Mas os dirigentes ainda pretendem, um dia, fazer com que os narradores e comentaristas da Globo possam falar o nome do inteiro do clube. Com o patrocinador, em vez de só Bragantino.
Santos
Embora tenha assinado com a Turner para a TV fechada, a maior briga do Santos contra a Globo teve a ver com a suposta interferência externa na arbitragem por parte do repórter Eric Faria em um jogo contra o Flamengo na Copa do Brasil de 2017. O time da Baixada chegou a pedir a anulação da partida no STJD, mas acabou voltando atrás.
Cruzeiro
O jogo de volta da semifinal do Campeonato Mineiro de 2015 contra o Atlético-MG estava marcado para um domingo. Dois dias depois, o Cruzeiro precisaria entrar em campo novamente pela última rodada da fase de grupos da Libertadores. Por isso, tentou antecipar o compromisso no estadual para sábado.
A Globo, detentora dos direitos de transmissão, consultou o Atlético-MG, que foi contrário à mudança. Assim, a emissora recomendou à federação que a data fosse mantida. O Cruzeiro recorreu em todas as instâncias e chegou a pedir a antecipação do jogo na Justiça do Trabalho, mas não obteve sucesso. Em campo, a Raposa levou a pior no clássico estadual, mas avançou na Libertadores e chegou até às quartas de final.
Vasco
Quando se fala em briga de clubes contra a Globo, impossível não lembrar da final da Copa João Havelange de 2000. O Vasco tinha a vantagem de um gol fora de casa contra o São Caetano, mas o alambrado de um superlotado estádio de São Januário desabou aos 23 minutos do primeiro tempo, após uma briga nas arquibancadas. O dirigente vascaíno Eurico Miranda queria continuar a partida, mas o governador do Rio, Anthony Garotinho, ordenou que o jogo fosse suspenso.
Eurico chegou a dizer que a Globo fez pressão para que o jogo fosse interrompido, pois caso continuasse, entraria no horário da novela Uga Uga. Além disso, o polêmico dirigente estava irritado com a cobertura da emissora sobre o caso. Como retaliação, ele resolveu fazer uma homenagem para a concorrente.
Com transmissão da Globo e narração de Galvão Bueno, Vasco e São Caetano voltaram a se enfrentar no dia 18 de janeiro de 2001, no Maracanã. Naquele dia, o Vasco entrou em campo com o logotipo do SBT estampado no uniforme, surpreendendo a todos. O time carioca venceu por 3 a 1 e ficou com o título. Usada apenas uma vez, aquela camisa se tornou uma das mais raras do futebol brasileiro. Na falta dela, colecionadores vencem até canecas inspiradas no icônico uniforme cruzmaltino.