Braincare cria medidor de pressão intracraniana não invasivo
O medidor criado pela startup brasileira mede a pressão por meio de um sensor e envia o relatório à plataforma na nuvem ou ao aplicativo.
A startup brasileira Braincare criou o primeiro método não invasivo do mundo capaz de medir a pressão intracraniana (PIC). O aparelho em formato de headband (uma espécie de fio em volta da cabeça) tem um sensor que faz a medição e envia o relatório à plataforma na nuvem ou ao aplicativo. O sensor presente no aparelho faz uma leitura do movimento de expansão do crânio. O médico pode acessar os dados gerados pelo dispositivo em tempo real na tela de qualquer monitor médico conectado ao aparelho, pela plataforma na nuvem ou pelo aplicativo.
A empresa foi acelerada em 2017 pela Singularity University, uma comunidade do Vale do Silício de aprendizagem global, que reúne indivíduos e organizações. A BrainCare foi a única startup brasileira escolhida dentre mais de 500 do mundo. O produto já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a empresa detém a patente no Brasil e também nos EUA. Nacionalmente, a startup conta com escritórios nas cidades de São Paulo e São Carlos, e nos Estados Unidos, em Atlanta.
Em abril de 2018 o hospital Sírio Libanês se tornou o primeiro cliente da empresa. Segundo o CEO, Arnaldo Betta, a união com o hospital vai além da contratação de serviços. “O Sírio Libanês cuida de alguns hospitais públicos em São Paulo, portanto o nosso método também será analisado para auxiliar a saúde pública”. O processo envolve o treinamento da equipe médica e o envio dos sensores com a estrutura na nuvem. O aparelho fica com o cliente até o fim do contrato, que geralmente vale por dois anos. Essa é a única maneira de utilizar o equipamento, já que a companhia não o comercializa.
Braincare na prática
A monitorização Braincare pode ser utilizada em vários momentos da jornada de atendimento de pacientes. Entre eles está a triagem e a definição de diagnósticos como hidrocefalia e AVC. Também pode ser usado para a monitorização em procedimentos cirúrgicos de pacientes sob cuidados intensivos e acompanhamento de pacientes com patologias relacionadas à PIC. A solução foi desenvolvida por meio dos estudos do professor Sérgio Mascarenhas de Oliveira, físico e químico brasileiro. Oliveira derrubou um dos pilares da Doutrina de Monro-Kellie, estabelecida há 200 anos, que afirmava que a caixa craniana é inexpansível nos adultos. Com base nesse pilar da doutrina, para ter acesso à PIC era preciso realizar uma cirurgia no crânio para inserir um sensor. O resultado dos estudos de Oliveira derrubou a afirmação de Monro-Kellie e abriu espaço para o desenvolvimento do método da Braincare. Hoje, o método está sendo estudado em universidades do exterior, como a de Cambridge, na Inglaterra e a Universidade do Porto, em Portugal. Nos Estados Unidos também está sendo sinalizado um processo para realizar uma pesquisa em Stanford com a área de neurologia.