Veja a previsão de prejuízo que a saída da Ford do Brasil vai gerar

Segundo cálculos do Dieese, a saída da Ford do Brasil pode gerar perda de 124 mil postos de trabalho e uma queda potencial salarial de R$ 2,5 bilhões ao ano.

Os desdobramentos da saída da Ford do Brasil ainda estão gerando repercussão, mesmo após um mês do anúncio oficial da montadora de automóveis. Uma pesquisa divulgada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), mostrou que o encerramento das atividades da fábrica no país pode gerar perda de 124 mil postos de trabalho.

Ainda de acordo com o cálculo da Dieese, que foi publicado pelo portal UOL, além da demissão de 5.000 funcionários, 118.864 mil postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos, vão sofrer com a crise de desemprego em massa. Só as demissões podem resultar em perda potencial salarial de R$ 2,5 bilhões ao ano.

Confira abaixo mais informações sobre a saída da Ford no Brasil.

Prejuízo em números

Imagem mostra logo da Ford em matéria sobre fim de fábricas no Brasil investimentos na Argentina
(Foto: Ford/Divulgação)

Com a saída da Ford do Brasil, a arrecadação de tributos e contribuições deve cair torno de R$ 3 bilhões ao ano. Segundo informou a companhia, as linhas de produção das três cidades Horzionte (BA), Camaçari (BA) e Taubaté (SP), terão as atividades encerradas ainda em 2021. Na fábrica em Taubaté, ao menos 830 funcionários devem ser demitidos. Em Horizonte, na Bahia, a empresa emprega 470 pessoas que também devem perder seus empregos com o fim da produção de carros.

Porque a Ford saiu do Brasil?

A Ford alega que a decisão de sair do Brasil faz parta de uma reestruturação global pela qual a empresa vem passando, não só no solo brasileiro. Na América do Sul, por exemplo, a Ford deve investir na fabricação de automóveis na Argentina e no Uruguai. As importações da fábrica norte-americana não serão afetadas.

Segundo disse o CEO da Ford, Jim Farley, “a companhia está definindo os planos de indenização, e, nos casos em que se aplicar, ela será definida como parte do processo de negociação com sindicatos”. A empresa também pretende focar em produtos de alto valor agregado e elétricos, informou em nota oficial divulgada para a imprensa.

Apesar de encerrar a produção de automóveis, a Ford não vai desaparecer totalmente de cena. A empresa continuará com o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas em Tatuí (SP), e a sede administrativa para América do Sul, em São Paulo.

Vale ressaltar também que desde 2018 a montadora havia anunciado seu novo foco, que visa a ampliação de investimentos em SUVs, picapes e utilitários comerciais. No mesmo ano a Ford encerrou a produção de modelos populares, como Fusion, Fiesta e Taurus.

Outro lado

Segundo especialistas ouvidos pelo portal de notícias G1, a saída da Ford do Brasil foi resultado de uma “frustração” por parte da companhia, com o desempenho do mercado do país. A decisão acontece em meio ao atual acordo de livre comércio de carros entre Brasil e Argentina assinado em 2019.

O país vizinho é o maior cliente da indústria brasileira no setor automotivo, mas a crise no mercado argentino tem gerado queda nas vendas. Desta forma, a empresa percorreu o caminho inverso, já que há imposto de importação para veículos produzidos do outro lado da fronteira. Ainda que seja uma questão menor, de acordo com especialistas, a rentabilidade maior dos produtos compensa o envio da produção internacional para o Brasil.

Mercado de trabalho e saída da Ford do Brasil

A Justiça do Trabalho está atuando no processo de desligamento da Ford no país. No último dia 5 de fevereiro, segundo o UOL, o órgão publico proibiu a empresa de demitir funcionários das duas fábricas antes de concluir as negociações das indenizações trabalhistas com os sindicatos.

Além disso, a Ford também está proibida de suspender o pagamento de salários ou as licenças remuneradas até a conclusão de suas atividades no Brasil. Em defesa do movimento, a empresa afirma que entrou com “os recursos nos Tribunais Regionais do Trabalho competentes”, e também declarou estar “engajada ativamente no processo de negociação com os sindicatos relacionados à decisão, realizando reuniões regulares no último mês.”

‘Vou poder comprar carros da Ford?’

Apesar da empresa encerrar suas atividades, os carros da Ford continuarão sendo vendidos no país. A única diferença é que estes automóveis serão importados da Argentina e do Uruguai.

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