Tesouro Selic negativo: como lidar e o que esperar?
O investimento registrou queda de 0,46% em setembro. Foi a primeira vez em 18 anos.
Entenda o cenário e conheça os fatores que levaram o título, um dos mais recomendados para a reserva de emergência, à queda nas vendas.
Tesouro Selic negativo: isso aconteceu neste mês de setembro, quando o título com vencimento para 2025 fechou em -0,46%. Foi a primeira vez em 18 anos. Mas o que entender deste cenário?
Primeiramente, vamos lembrar que o Tesouro Selic costuma ser recomendação de analistas como uma das opções favoráveis para quem quer formar uma reserva de emergência. Isso porque possui rendimento atrelado à variação da taxa Selic.
A definição da rentabilidade do título considera se há ágio, deságio ou nenhum deles. O cálculo de preço leva em conta a multiplicação da cotação pelo valor nominal atualizado (VNA) da Selic.
Mas por que um Tesouro Selic negativo?
Quando você tem um título público, como o Tesouro Selic, vai se deparar com uma taxa para a venda. Ela está relacionada ao ágio ou deságio no valor do título como explicamos. O ágio no Tesouro Direto, portanto, é o termo usado para dizer que o título está em negociação por um valor a mais. E deságio, por sua vez, é quando está sendo negociado por um valor menor.
O Tesouro Selic negativo de setembro é resultado de um deságio maior na venda do título. Este deságio tem a ver com as preocupações do mercado relacionadas a alguns pontos.
Primeiramente, com a capacidade do Tesouro em rolar a dívida pública. Havendo um risco maior, o governo precisou pagar mais juros para atrair os investidores; e quem já tinha estes títulos acabou vendo que eles perderam valor em comparação com as vendas atuais.
O Tesouro Selic negativo também é fruto da inconsistência do governo relacionada às decisões do financiamento do Renda Cidadã, programa que deve substituir o Bolsa Família. Deste modo, o crescimento das despesas federais e o potencial descumprimento do teto de gastos também preocupa, fazendo com o que mercado queira uma rentabilidade maior como compensação de riscos fiscais.
Movimento é considerado pontual
Além disso, de forma simples de se entender, no cenário atual o governo precisou vender mais títulos para cobrir o déficit fiscal. Só que com a taxa de juros mais baixa da história e um cenário confuso, como atrair investidores? Baixando o preço. Ou seja, vendendo os títulos com deságio. E assim o Tesouro Selic negativo se deu.
Mas e agora? O Tesouro Selic ainda pode ser uma boa opção de investimento? O que fazer? A maioria dos analistas acredita que o movimento de queda é pontual e que o papel continua sendo uma boa opção. Quem pensa no longo prazo poderia, inclusive, aproveitar a venda com deságio para adquirir estes títulos mais baratos.
É possível, porém, que a situação ainda fique mais alarmante antes de melhorar, por isso pode valer a pena avaliar outras opções para diversificar a reserva de emergência. Todas elas precisam ter liquidez diária, como é o caso do Tesouro Selic. Por exemplo: alguns CDBs e até a poupança.
Finalmente, é importante lembrar que o Tesouro Selic negativo não esteve sozinho na queda. Outros papéis do Tesouro também caíram em setembro. Ainda assim, lembre-se que no caso dos títulos do governo, independente do ágio e deságio nas negociações, quando você aguarda a data exata do vencimento para resgate, vai receber será exatamente o combinado. Se vender antes do prazo, porém, pode ganhar ou perder dinheiro.