Produção industrial recua 0,7% em fevereiro, diz IBGE
Queda interrompe nove meses de crescimento seguido e foi puxada principalmente pela atividade de veículos automotores
Depois de nove meses seguidos registrando crescimento, a produção industrial brasileira caiu 0,7% em fevereiro, ante o mês de janeiro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada nesta quinta-feira, 1º de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das quatro grandes categorias pesquisadas pelo IBGE, três fecharam o mês com resultado negativo. Entre os 26 ramos que a pesquisa inclui, pouco mais da metade (14 deles) também tiveram desempenho negativo.
Produção industrial
No ano, a indústria acumula alta de 1,3% e em 12 meses, queda de 4,2%. Com o número de fevereiro divulgado hoje, o setor industrial está 13,6% abaixo do patamar recorde visto em maio de 2011 e apenas 2,8% acima do verificado pré-pandemia, em fevereiro de 2020. Um resultado pior já estava no radar do IBGE. “Nos últimos meses já vínhamos observando uma mudança de comportamento nos índices da indústria, que, embora ainda estivessem positivos, já apresentavam uma curva decrescente, demonstrando um arrefecimento”, disse André Macedo, gerente da pesquisa, em comunicado.
Entre as atividades que puxaram o indicador para baixo têm destaque as de veículos automotores, reboques e carrocerias, com queda de 7,2%, ante um crescimento acumulado de 1.249,2% em nove meses. Também a indústria extrativa, que vinha de um crescimento de 3,8%, em dezembro de 2020, e de 10%, em janeiro de 2021, virou e fechou fevereiro com recuo de 4,7%, impactando a produção no mês passado.
“O ramo de veículos vem sendo muito afetado pelo desabastecimento de insumos e matérias-primas. Mesmo assim, a produção de caminhões vem tendo resultados positivos. Porém, a de automóveis e autopeças veem puxando o índice geral para o campo negativo”, avalia Macedo. Além do desabastecimento de matérias-primas, Macedo cita o número de desempregados, o aumento dos preços, as dificuldades no mercado internacional e a interrupção da concessão do auxílio emergencial no final de 2020 como fatores que têm influenciado a cadeia produtiva.
Categorias
Entre as grandes categorias econômicas, os bens de consumo duráveis tiveram a maior queda em fevereiro, de 4,6%, acumulando agora uma perda de 5,5% no ano uma vez que foi o segundo desempenho negativo da categoria. O segmento de bens de capital, que registrara crescimento acumulado de 147,1% em nove meses, recuou em fevereiro 1,5%. E o de bens de consumo semi e não-duráveis ficaram negativos em 0,3%. Em janeiro, o segmento havia registrado avanço de 1,7%. No lado oposto, o segmento de bens intermediários foi o único que terminou fevereiro com alta, de 0,6%.
No retrovisor
Quando comparado a fevereiro e 2020, o setor industrial registrou crescimento de 0,4%, embora a expansão tenha se dado com menos intensidade do que a verificada nos cinco meses seguintes de taxas positivas. Nesta comparação, duas das quatro grandes categorias econômicas apresentaram resultados positivos.
As principais influências foram de máquinas e equipamentos, com ganho de 18,5%, de produtos de metal, com avanço de 10,6%, de produtos minerais não-metálicos, com 9,7% de crescimento, e outros produtos químicos, com avanço de 8,1%. A categoria de bens de capital, ainda comparando os meses de fevereiro de 2021 com o de 2020, foi a que apresentou o avanço mais acentuado agora, de 16,1%.
Vai ter Benefício Emergencial 2021? O que sabemos sobre o BEm