Orçamento 2021 corta 98% de verba para o Casa Verde e Amarela

Cerca de 250 mil obras em andamento devem ser paralisadas, estima a Câmara Brasileira da Indústria da Construção

Escrito por Sarah Moura Publicado em 24 de abril de 2021 - 19:53 Atualizado em 26 de julho de 2022 - 12:26

Obras em andamento são da faixa 1, para famílias de baixa renda (Foto: Ronaldo Junior/PR)

Sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última quinta-feira (22), o Orçamento 2021 cortou 98% dos recursos destinados ao programa habitacional Casa Verde Amarela, o novo Minha Casa Minha Vida.

Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), serão paralisadas 250 mil em andamento no país. As moradias são da faixa 1, para família de baixa renda que recebem até R$ 1.800 por mês – na modalidade, o desconto do imóvel pode chegar até 90%.

O programa Casa Verde e Amarela ia receber R$ 1,540 bilhão, mas o valor ficou em R$ 27 milhões.

‘Perplexidade’

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) afirmou que vê com “muita preocupação e perplexidade” o corte realizado pelo governo federal.

“Com o veto, que praticamente zera as despesas que estavam reservadas ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), serão paralisadas as obras de 250 mil casas que hoje estão em construção no país. O montante emprega diretamente em torno de 250 mil pessoas e outras 500 mil entre empregos indiretos e induzidos”, disse em nota divulgada na sexta-feira.

Segundo a associação, o corte ao Casa Verde e Amarela não estava previsto em lugar nenhum. “Agora, confiamos na sensibilidade do Congresso Nacional, para que possa reverter essa situação urgentemente. E que, assim, não se inicie uma imensa onda de demissões no setor, já extremamente afetado pelos aumentos nos preços dos insumos, que impactam seriamente seus contratos, que têm preço fixo”, reiterou José Carlos Martins, presidente da CBIC.

Cortes no Casa Verde e Amarela

O repasse de R$ 1,37 bilhão já estava previsto na proposta orçamentária de agosto de 2020, o que surpreendeu o Ministério do Desenvolvimento Regional. Para aprovar o Orçamento 2021, o presidente Jair Bolsonaro precisou cortar recursos em saúde, educação, defesa, entre outras áreas, para liberar R$ 29 milhões e incluir gastos obrigatórios.