Aumento da taxa Selic: o que muda para o bolso do brasileiro?
Para entender os impactos do aumento da taxa Selic, o DCI conversou com Mauro Rochlin, economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Na última quarta-feira, 17 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) debateu o destino da economia monetária brasileira para os próximos anos. A principal decisão da reunião, e que teve mais repercussão, foi o aumento definitivo da taxa Selic, referente a taxa básica de juros.
Foi unânime o aumento da Selic, que saltou de 2% para 2,75% ao ano, superando até mesmo as expectativas dos especialistas, que acreditavam em um aumento de até 0,5%. A decisão marcou o fim de um período de quase seis anos, em que a política monetária não assistia a mudanças bruscas. Para entender os efeitos e consequências desse aumento, o DCI conversou com o economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mauro Rochlin.
Qual o significado do aumento da Selic?
A taxa (Selic Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) representa os juros básicos da economia brasileira, e se aumento é uma resposta à inflação no país. Com ele, a tendência é que o rendimento dos títulos públicos atrelados sejam maiores, tornando então a compra de crédito mais cara para os consumidores finais. Além disso, a Selic influencia diretamente outras taxas referentes ao uso de créditos e juros.
O que ocorre com o aumento da taxa Selic?
Com os juros mais altos, a principal consequência para o bolso dos brasileiros é o consumo, que será repensado. Basicamente, a ideia de aumentar a taxa de juros é fazer com que os brasileiros poupem mais e consumam menos. “As pessoas vão preferir poupar e a rentabilidade vai ser maior”, afirmou Rochlin.
Outro impacto, desta vez negativo, que a economia brasileira vai sentir com o aumento da taxa Selic é o desemprego, que pode aumentar drasticamente, segundo explicou o economista. Isso porque com as empresas vendendo menos, elas passam a produzir menos também. Mauro Rochlin explicou que este é o principal dilema da economia. “Segurar a inflação é gerar desemprego”, disse.
Por um lado, o brasileiro que deseja poupar dinheiro e não consegue, terá uma motivação maior para economizar. Com a taxa básica de juros a 2,75%, a oportunidade é controlar as finanças e guardar as economias, para assim, conseguir realizar algum plano futuro.
Em relação ao comércio, é possível que os preços se estabilizem, e até diminuam. “Na medida que o consumo cair, as empresas vão render menos e assim vão ter menos motivações para aumentar o preço. É o principal desencadeamento do efeito da taxa”, explicou o professor da FGV.
O que a taxa Selic influencia na inflação?
Quando a inflação do país é menor, a taxa Selic, por sua vez, também é. Isso é o que disse o economista Mauro Rochlin, que também ressaltou a importância da taxa para o controle da inflação. Há cinco anos, em 2015, o cenário foi positivo e permitiu que o aumento da taxa Selic fosse controlado.
“A inflação saiu de um patamar de 10% a 3%, isso permitiu que o Banco Central tornasse a taxa baixa. Mas agora, a gente vê que os preços estão aumentando. Há um ano estávamos em 2%, agora estamos próximos a 5%”, informou.
Dessa forma, o BC acredita que a melhor maneira de conter o consumo e a alta na inflação, é tornando o crédito mais caro. No entanto, há controvérsias em torno deste pensamento. “Existem críticas a respeito. Os apoiadores reafirmam o discurso do BC, que desestimulando o consumo, os preços não sobem. Mas os opositores dizem o seguinte: A inflação não é porque o consumo está mais alto, são outras as razões e não é apenas a demanda, então não adianta você tornar a taxa mais alto.”
Como o mercado deve responder?
O mercado recebeu bem a decisão do Copom e do BC. Isso porque a atitude de aumentar a taxa da Selic foi uma resposta direta ao combate severo a crescente da inflação, que vem preocupando investidores, e pode também colocar o Brasil em uma situação ruim enquanto à cotação do dólar. Para o especialista ouvido pelo DCI, foi uma “maneira violenta contra a pressão inflacionária.”
Com isso, se espera atrair mais capital estrangeiro, que costuma correr atrás de juros mais altos. A taxa maior garante que o cenário aos investidores seja mais convidativo, já que é um incentivo a economia, a poupança.
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