Na contramão do mundo: por que a nova nota de R$ 200?
O Banco Central aponta para a pandemia como causa da criação da nova cédula de R$ 200, pois aumentou o uso do dinheiro em notas.
O Banco Central do Brasil lançou a nova nota de R$ 200 apenas dois meses após seu anúncio. A decisão vem na contramão do resto do mundo, que aposta em transações digitais, além dos meios de pagamento online. O próprio Banco Central, inclusive, flerta com a criação de uma criptomoeda.
Mas por que o governo resolveu criar essa nova cédula neste momento, no meio de uma pandemia, enquanto crescem as startups de finanças e bancos digitais?
Coronavírus é apontado como motivo
Segundo a autoridade monetária, a principal razão é o expressivo aumento no uso do dinheiro em espécie durante a pandemia. No entanto, ressaltam os riscos sanitários que isso pode representar por conta da Covid-19.
Apesar do caótico e incerto cenário macroeconômico brasileiro, os brasileiros estão estocando dinheiro como poupança de emergência em resposta às incertezas.
Brasil na contramão do mundo
<span”>O movimento pegou muitos de surpresa, pois vai na direção oposta às decisões tomadas em outras partes do mundo. Na Coreia do Sul, por exemplo, as autoridades literalmente queimaram dinheiro como medida de precaução ao Coronavírus.
<span”>Além disso, o próprio Banco Central tem pressionado para digitalizar as transações no Brasil, lançando inclusive o <span”>novo sistema de pagamentos PIX<span”>. No entanto, a quantidade de notas em circulação no país atingiu um pico recorde de 8 bilhões de cédulas durante a pandemia, apesar dos problemas de higiene.
Por que a nota de R$ 200 neste momento?
Embora estranha à primeira vista, existem algumas razões que tentam justificar a nova nota de R$ 200 – que, como manda a tradição, traz estampada um animal da fauna brasileira; o representante escolhido foi o lobo-guará.
<span”>De fato, entre as principais razões estão o salário de emergência de R$ 600 para a população diretamente atingida pelos impactos econômicos. Nesse sentido, destacam-se as famílias de baixa renda, os trabalhadores informais, além dos inúmeros desempregados causados pela pandemia de coronavírus. Isto forçou a Casa da Moeda a imprimir R$ 9 bilhões a mais em maio, a fim de evitar a escassez de cédulas.
Brasileiros guardando dinheiro em notas
Outra razão é a tendência de “guardar dinheiro embaixo do colchão”, comportamento acentuado pela pandemia. As pessoas não tinham onde usar seu dinheiro físico, na medida em que a maioria das lojas físicas estavam fechadas.
É só lembrar que, em abril, o volume de vendas no varejo teve queda de 16,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do IBGE. Some-se a isso que, de cada três brasileiros, um não possui conta bancária, de acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva, de 2019.
Quanto dinheiro circula no Brasil?
Dados do Banco Central divulgados no mês de junho apontam que havia R$ 328 bilhões em dinheiro físico circulando no Brasil. Antes da pandemia começar a fazer estrago, na primeira quinzena de março, esse valor era de R$ 254 bilhões.
Ou seja, apenas nesse período, R$ 74 bilhões a mais em cédulas e moedas passaram a circular. No entanto, em muitos casos, passaram a ser guardados dentro de casa, costume da maioria dos brasileiros com notas de valores baixos e moedas.
A cédula cuja circulação mais aumentou foi a de R$ 50: há 37% a mais dessas notas circulando da segunda semana de março para cá. Em seguida vêm as notas de R$ 20 (alta de 37%, na mesma comparação), além das notas de R$ 100, com aumento de 25%.
Qual o custo de produção da nova nota de R$ 200?
Além de ser a nota de maior valor, a nova cédula de R$ 200 também será a de produção mais cara. De acordo com informações do Portal Bitcoin, seu custo de produção será de R$ 0,325 por unidade.
E, segundo alega o Banco Central, a nota do lobo-guará permitirá que as pessoas saquem valores maiores com a emissão de menos papel. Para sacar os R$ 600, ao invés de seis notas de R$ 100, será preciso apenas três de R$ 200.
Em 2020, vão ser impressas 450 milhões de unidades, ao custo de 146 milhões de reais.
Os prós e contras da nota de R$ 200
Segundo o Banco Central e declarações da equipe econômica, podemos afirmar que o aspecto positivo é a redução no número de novas cédulas impressas. Desta forma, o maior valor nominal mais do que compensa o aumento do custo unitário. Além disso, o transporte será facilitado, uma vez que o volume para o mesmo montante é menor.
No entanto, um fator que pesa contra a criação de uma nova cédula é justamente as pessoas estarem guardando mais dinheiro em espécie nesse momento de crise, não devolvendo a moeda ao comércio e aos bancos.
Isso tem como causa direta o trauma ocasionado pelo confisco da poupança 30 anos atrás, no governo Collor (1990), que incrivelmente ainda está na memória da população, seja dos mais velhos que viveram isso na pele, seja dos mais novos, que aprenderam com seus pais a encher o cofrinho em casa.
Para aqueles, entretanto, que desejarem uma opção segura de investimento, vale conhecer os produtos digitais que, por exemplo, o Mercado Bitcoin possui. Neles, a partir de R$ 100,00 você pode investir parte do dinheiro que está guardando debaixo do colchão em investimentos com baixo risco e bom retorno.