Ibovespa fecha em alta, mas sob a sombra do Orçamento 2021
Aprovação do texto do Orçamento ainda faz pressão sobre o mercado, ampliada, nesta segunda-feira, com a saída de dois ministros do governo
Ibovespa hoje: a segunda-feira foi de fortes emoções para o mercado de ações, com Brasília se mantendo no centro das tensões. Apesar de ter encerrado os negócios com alta de 0,56%, aos 115.418 pontos e giro financeiro de R$ 25,73 bilhões, ainda pesa sobre o mercado a aprovação polêmica do Orçamento de 2021, na semana passada, priorizando verbas maiores para emendas parlamentares e retirando recursos das despesas obrigatórias, como pagamentos de aposentadorias, seguro-desemprego, entre outros.
Ibovespa hoje 29/03/2021
O clima em torno da aprovação azedou mais nesta segunda depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou comunicado alertando que o texto, da forma como foi aprovado, gera para o presidente Jair Bolsonaro uma situação semelhante àquela que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, por entender que estaria ocorrendo um crime fiscal. As famosas ‘pedaladas”.
Diante da pressão, o mercado está de olho no movimento do presidente. O mais provável é que Bolsonaro encaminhe um Projeto de Lei de crédito suplementar para recompor as despesas obrigatórias, que tiveram fortes cortes na aprovação do orçamento. Esse fator acabou estressando as curvas dos juros, que embora tenham fechado abaixo das máximas, já projetam altas em todos os contratos.
Demissão de ministros e o mercado
Se o mercado já tinha colocado na conta a saída do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi surpreendido, nesta segunda, com a troca do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, que deixa o cargo após o presidente Bolsonaro pedir seu cargo. E se a saída de Azevedo, por um lado, abre espaço para uma minirreforma ministerial, com nomes mais alinhados ao centrão, também gera no mercado uma incógnita em relação ao que esperar daqui para a frente.
Focus
Na esfera de indicadores econômicos, a pesquisa Focus do BC desta segunda-feira colocou pressão sobre o mercado à medida que trouxe uma perspectiva mais negativa para a inflação e para o crescimento da economia.
Instituições financeiras ouvidas pelo BC elevaram, mais uma vez, a perspectiva para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, de 4,71% para 4,81%. Mas reduziram a aposta para o Produto Interno Bruto (PIB), de 3,22% na última pesquisa, para 3,18% agora.
Outro indicador ruim nesta segunda-feira veio do setor de serviços. O índice de confiança do setor recuou para 5,6 pontos, menor nível desde junho de 2020, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Mercado da Europa
Na Europa, onde cresce a preocupação com novos casos do covid-19, as bolsas fecharam mistas. O índice pan-europeu Stoxx Europe 600 subiu 0,16%, aos 427,61 pontos; o DAX, de Frankfurt, avançou 0,47%, aos 14.817,72 pontos; o FTSE 100 recuou 0,07%, aos 6.736,17 pontos; o CAC 40, de Paris, ganhou 0,45%, aos 6.815,51 pontos. Em Milão, o FTSE MIB terminou com alta de 0,12%, aos 24.421,40 pontos, e o Ibex 35, de Madri, caiu 0,07%, a 8.492,10 pontos.
Mercado EUA
Nos Estados Unidos os treasuries de 10 anos subiram 1,75%, refletindo, ainda, preocupação menos com a retomada da economia americana e mais com a forma como ela será feita. O presidente Joe Biden deve apresentar, na quarta-feira, 31, um novo pacote econômico propondo aumento de impostos para os mais ricos e para grandes empresas. como forma de estimular a economia.
O índice Dow Jones renovou a máxima histórica, acabou fechando em alta de 0,30%, aos 33.171,37 pontos; o S&P 500 recuou 0,09%, aos 3.971,09 pontos, e a Nasdaq caiu 0,60%, aos 13.059,65 pontos.
O dólar encerrou com alta de 0,44%, cotado a R$ 5,7663 na venda, e a R$ 5,7662 na compra.
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(Colaboração: Roseli Lopes)