Fim do auxílio emergencial põe 17 milhões de pessoas de volta à pobreza
Redução do benefício já colocou 7 milhões de brasileiros a nível de pobreza; número deve subir em 17 milhões com fim do Auxílio Emergencial
O Auxílio Emergencial foi um alívio para muita gente, porém, o fim do Auxílio Emergencial proposto para acabar em dezembro de 2020, colocará cerca de 17 milhões de brasileiros no nível de extrema pobreza.
Desde setembro, quando o presidente Jair Bolsonaro reduziu pela metade o valor do auxílio emergencial – de R$ 600 para R$ 300, aumentou para 7 milhões, o número de brasileiros na linha da extrema pobreza.
Segundo o economista Daniel Duque, que atua na Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), o número de pessoas vivendo em situação de pobreza aumentou em mais de 8,6 milhões nos dois meses, que houve a redução do auxílio emergencial e mais de quatro milhões de pessoas caíram para linha da miséria no mesmo período.
Ele diz ainda que “pior momento vai ser em janeiro, quando será, de fato, o fim do auxílio emergencial aos brasileiros”.
Redução do auxílio emergencial X extrema pobreza
- Agosto de 2020 – 5,171 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza
- Setembro de 2020 – o número subiu para 9,251 milhões de brasileiros
Já o total de brasileiros vivendo na pobreza subiu de 38,766 milhões para 47,395 milhões, ou seja, um aumento de 8,6 milhões em um ano, disse o economista ao Estadão.
Déficit de investimentos
O governo federal investiu R$ 580 bilhões com políticas públicas para combater os efeitos econômicos da pandemia, sendo que 55% do valor (R$ 322 bilhões) foi para o auxílio emergencial.
O orçamento de 2020 previa, no início do ano, um gasto de R$ 92,4 bilhões com políticas de desenvolvimento social, concentradas principalmente no Bolsa Família. Mais de 35% dos beneficiários do auxílio são famílias com rendimento mensal superior a R$ 536 per capita.
Segundo pesquisadores da FGV, o país ainda não atingiu um nível de PIB per capita suficiente nem para erradicar a extrema pobreza na linha de US$ 1,00 por dia, que acabaria se o Bolsa Família alcançasse todas as pessoas nessa situação, porém, com o fim do auxílio emergencial, esse número tende a aumentar.
Fim do auxílio emergencial
Já a diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, afirmou que o fim do auxílio emergencial, pode significar obstáculos à recuperação econômica, porém, um aumento da desigualdade e fazer com que o Brasil alcance a marca total de 24 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza.
O presidente Jair Bolsonaro disse na última terça-feira (15) que não haverá prorrogação e que sim, o fim do auxilio emergencial está mantido. Ele informou ainda que não há intenção de criar um novo programa de distribuição de renda e afirmou que a ideia é “aumentar um pouquinho” o Bolsa Família.