Efeito Lula? Entenda por que o dólar está em queda em 2023
Entenda os fatores que estão contribuindo para a queda do dólar frente ao real e para o aumento da expectativa do mercado financeiro
Nos últimos dias, foi observada uma queda no preço do dólar em relação à moeda brasileira, o real. Na última quinta-feira, dia 2 de fevereiro, a moeda norte-americana chegou a ser negociada a R$ 4,9417 e é a primeira vez, desde junho do ano passado, que o dólar ficou abaixo de R$ 5.
Pouco depois, ao final da sessão desta quinta-feira, a moeda norte-americana fechou na cotação de R$ 5,04 – a menor desde 29 de agosto de 2022, quando foi registrada a R$ 5,03.
A variação pode parecer pequena, visto que é na casa dos centavos. No entanto, ela representa um ponto relevante para o mercado financeiro brasileiro, que tem experimentado uma persistente insatisfação com o dólar americano sendo negociado acima de R$ 5 nos últimos anos.
Por que o dólar está em queda hoje?
Consultados pela imprensa brasileira, especialistas do mercado financeiro apontaram duas causas que explicam a queda do dólar. Segundo eles, a principal delas foi a decisão tomada pelo Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos da América – EUA), que subiu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. Quando comparada aos aumentos anteriores da taxas de juros, esse ponto percentual representou uma “diminuída de ritmo”, ou seja, uma desaceleração (antes, a elevação foi de 0,5 e 0,75 ponto percentual).
A segunda causa citada pelos especialistas é uma medida interna: na última quarta-feira, 1º de fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano. Essa decisão significa, por exemplo, que investimentos em renda fixa pós-fixada (que acompanham a taxa Selic) seguem a tendência de continuar atrativos.
Além de manter a Selic, o BC ainda frisou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas de inflação do mercado colocam em risco de elevação o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas.
Leia mais: Na 1ª Reunião do ano, Copom mantém Taxa Selic em 13,75%
Qual a previsão do dólar para os próximos meses?
Também nesta quarta-feira, 1º, o Federal Reserve indicou claramente que não prevê reduções nas taxas de juros em 2023 e que ainda é necessário fazer ajustes adicionais de alta para combater a inflação.
Por esse motivo, analistas se sentem aptos a dizer que, apesar dos desejos do mercado financeiro, as taxas de juro elevadas devem manter a economia norte-americana em um nível “suficientemente restritivo” no decorrer das próximas semanas – logo, o dólar também deve ficar mais restrito, ou seja, em patamares mais baixos.
Após eleição de Lula, a definição dos presidentes do Senado e da Câmara de Deputados podem ter dado suporte adicional para o real
Nesta quinta-feira, dia 2, o governo recém-empossado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu uma vitória simbólica ao reeleger Rodrigo Pacheco como presidente do Senado e Arthur Lira como presidente da Câmara dos Deputados, visto que ambos se mostraram abertos ao diálogo com a gestão.
Em entrevista à agência Reuters, o planejador financeiro Bruno Mori, vinculado à Planejar, afirmou que parte dos investidores identificaram o desfecho das eleições para os cargos de liderança do Congresso como um fator de fortalecimento para a moeda brasileira: “Câmara e Senado consolidaram condições de governabilidade melhores, isso é superpositivo para a questão da atividade [econômica].”
Por que a queda do dólar é boa para a economia brasileira?
A notícia da queda da moeda norte-americana pode refletir de vários jeitos benéficos para a economia brasileira. Um exemplo é que, com ela, os produtos brasileiros ficam mais competitivos aos olhos do mercado internacional, o que pode resultar em um aumento das exportações e, consequentemente, estimular a economia do país.
Além disso, a queda do dólar pode ajudar a diminuir a inflação, já que muitos dos produtos importados no Brasil são pagos em dólares. Com o dólar mais baixo, os preços desses produtos tendem a ficar mais baixos também, o que ajuda a conter a inflação.
Outros que enxergam a moeda norte-americana mais barata com bons olhos são os turistas. Quando o dólar entra em queda, significa que ele está valendo menos em relação a outras moedas, incluindo o real brasileiro. Isso quer dizer que os turistas brasileiros precisarão de menos reais para comprar a mesma quantidade de dólares, o que pode tornar sua viagem mais acessível financeiramente. Além disso, os turistas poderão ter mais poder de compra no exterior, pois os custos de alimentação, transporte e hospedagem serão menores para eles devido ao valor mais baixo do dólar.