Economia verde: o que é e vantagens que o Brasil teria ao implantá-la

Pesquisa da WRI Brasil aponta que retomada econômica verde poderia adicionar R$ 2,8 trilhões ao PIB até 2030

É possível que um país se desenvolva economicamente ao mesmo tempo em que reduz o desmatamento. Essa é a proposta da economia verde, pensar projetos rentáveis e sustentáveis. O Brasil tem vantagens numa futura implementação e obtenção de financiamento para esse tipo de iniciativa, dado seu extenso capital natural sua legislação bem definida.

Conceito e características da economia verde

Na economia verde, redução de desigualdades e aspectos ambientais são levados em conta na definição de projetos governamentais. Bem como, a diminuição de riscos ambientais norteia a tomada de decisões e criação de novas iniciativas.

Entre as características de uma economia verde está a atenção à: redução da emissão de gases do efeito estufa, investimento em fontes de energia limpas e renováveis, diminuição dos efeitos da mudança climática, redução da perda e desperdício de alimentos e preservação de ecossistemas.

Nesse sentido, o termo está em conformidade com o conceito de desenvolvimento sustentável. Que diz respeito ao desenvolvimento “que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. O mesmo, foi descrito em 1987, no Relatório Brundtland, pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.

Rio+20 – Economia verde

Em junho de 2012 ocorreu a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Realizada na cidade do Rio de Janeiro, teve com um dos temas a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza.

Em um trecho do documento “O futuro que queremos”, resultado das reuniões, há a definição do termo em questão “a expressão economia verde refere-se à otimização de atividades que façam uso racional e equitativo dos recursos naturais (socialmente inclusivo), emitindo baixas taxas de gases de efeito estufa (economia descarbonizada), agredindo minimamente o meio ambiente”. E continua informando como isso poderá ser alcançado “para isso, são necessárias novas tecnologias que permitam aos diferentes segmentos da economia utilizar maquinários de baixo consumo energético”.

Aerogerador de energia eólica
Energia eólica, considera limpa e renovável (pixabay)

Vantagens da adoção de economia verde no Brasil

Investimentos efetivos em uma economia de baixo carbono, pequena emissão de poluentes constituído com carbono, poderá gerar R$ 2,8 trilhões adicionais ao Produto Interno Bruto (PIB) em 10 anos, além da criação de 2 milhões de empregos. Essas são conclusões do estudo “Uma Nova Economia para uma Nova Era: elementos para a construção de uma economia mais eficiente e resiliente para o Brasil”, feito pelo WRI Brasil e pela iniciativa New Climate Economy, em parceria com especialistas de variadas instituições como CEBDS, Coppe-UFRJ, CPI, Febraban, Ipea e PUC-Rio.

“Se o Brasil tomar a decisão de ir no rumo de uma economia de baixo carbono, isso não prejudicaria os principais setores da economia atual” afirma Carolina Genin, diretora de Clima do WRI Brasil e uma das autoras do estudo, e continua “tanto agricultura, quanto infraestrutura e indústria teriam a ganhar com isso, em termos de produtividade, eficiência e competitividade”.

Transição

Assim sendo, a pesquisa indica que o país já dispõe de legislação e tecnologias que permitem a transição para uma economia verde. Por exemplo, no que tange a agricultura sustentável será possível recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas. As quais podem gerar retorno de R$ 19 bilhões em uma década, além de R$ 742 milhões em igual período.

Quanto ao investimento, Genin explica que não será necessário desembolsar grandes quantias para se chegar a esse objetivo, mas sim redirecionar recursos disponíveis para projetos que seguem métodos sustentáveis. “É preciso que se priorize boas práticas já existentes ou que se priorize avançar com legislações já em curso que poderiam auxiliar na implementação dessas políticas de baixo carbono” comenta.

No estudo, foram traçados três cenários:

  1. Business as Usual (BAU): manutenção do modelo atual
  2. Nova Economia para o Brasil (NEB): adoção de medidas de baixo carbono
  3. Nova Economia para o Brasil plus (NEB+): semelhante ao anterior, mas com medidas mais ambiciosas
Cidade verde
Economia verde (freepik)

Investimentos

Por fim, a opção por um sistema econômico de baixo carbono, tem potencial de atrair investidores do setor privado e também do meio internacional. Desse modo, a pesquisa buscou por soluções que não fossem caras, e portanto, possíveis de serem financiadas. Uma delas é o aproveitamento energético de resíduos, algo já previsto em legislação mas que pode ser estimulado através da superação de limitações na regulação.

Os títulos verdes, ou green bonds, são emitidos para financiar projetos que gerem benefícios ambientais. O documento afirma que o Brasil pode ampliar seu acesso nesse mercado. “O MINFRA [Ministério da Infraestrutura] está começando a considerar questões de baixo carbono em seu portfólio de concessões de infraestrutura como forma de atrair investimentos estrangeiros” diz uma parte do texto.

Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais detalhes