Nova reforma trabalhista do Bolsonaro: 5 pontos polêmicos para entender

Documento encomendado pelo presidente está sendo avaliado pelo Ministério do Trabalho

Quatro anos depois da reforma trabalhista promovida pelo então presidente Michel Temer (MDB-SP), o Governo Federal encomendou um novo estudo que pode, mais uma vez, alterar os direitos dos trabalhadores brasileiros. Trata-se de um documento de 262 páginas criado pelo Grupo de Altos Estudos do Trabalho (GAET), que foi entregue ao Conselho Nacional do Trabalho no final de novembro.

O relatório contém propostas de alterações nas relações trabalhistas e pontos polêmicos, como a liberação do trabalho aos domingos, por exemplo. A nova reforma trabalhista proposta por Jair Bolsonaro (PL) ainda está sob avaliação do Ministério do Trabalho. Entenda.

O que é a nova reforma trabalhista proposta por Bolsonaro?

O documento que Bolsonaro tenta emplacar pode alterar até 330 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com 110 regras novas, 180 alterações e 40 revogações. Entre as sugestões mais polêmicas do GAET estão a liberação de trabalho aos domingos, a proibição do acesso de motoristas de aplicativo aos direitos previstos na CLT (como 13º, férias e FGTS), a legalização do locaute e o teletrabalho por demanda sem limite de horas e sem direito a hora extra, por exemplo.

A liberação do trabalho aos domingos com uma folga a cada sete semanas é considerada por especialistas como o ponto mais polêmico da nova reforma trabalhista. Hoje, somente atividades autorizadas ou mediante convenção ou acordo coletivo podem ser feitas aos domingos.

O GAET é um grupo formado por ministros, desembargadores, juízes da justiça do trabalho, pesquisadores, procuradores, economistas e advogados e foi criado em 2019 para avaliar o mercado de trabalho em relação à “modernização das relações trabalhistas”, segundo o governo. O documento afirma que o estudo não representa a opinião do governo, mas foi elaborado sem a participação dos sindicatos ou de outros representantes dos trabalhadores. Ainda não há prazo para a conclusão da avaliação do texto pelo Ministério do Trabalho.

Atualmente, o Brasil tem mais de 13 milhões de desempregados e mais de 72 milhões trabalham de maneira informal, por conta própria ou sem carteira assinada e, por isso, não têm acesso aos direitos trabalhistas.

Nova reforma trabalhista do Bolsonaro
Veja que partidos apoiam o presidente, Jair Bolsonaro – Foto:: Carolina Antunes/Presidência da República/Reprodução

O que pode mudar para o trabalhador?

Entre os pontos mais polêmicos do documento que propõe uma nova reforma trabalhista e que foi encomendado por Bolsonaro, vale destacar alguns, considerados como os que devem trazer mais mudanças diretas para a vida do trabalhador brasileiro. Confira alguns:

Liberação do trabalho aos domingos – Atualmente, a Constituição considera o domingo como sendo preferencialmente o dia de folga do trabalhador. Embora alguns setores já tenham regulamentado o trabalho dominical, a proposta da nova reforma trabalhista libera as atividades nesse dia pra todos os segmentos, sem necessidade de autorização ou negociação coletiva sem garantia de que o trabalhador teria direito a um domingo de folga por mês. A folga seria concedida, em média, a cada sete semanas.

Trabalhador de aplicativo não pode ser CLT – O documento que propõe a nova reforma trabalhista, encomendado por Bolsonaro, distancia o vínculo empregatício entre os trabalhadores e os aplicativos, como Uber e 99, por exemplo. Hoje, a justiça tem dado ganho de causa a motoristas e entregadores em algumas ações trabalhistas. O texto sugere que a atividade seja regulamentada pelo Código Comercial e não pela legislação trabalhista.

Teletrabalho por demanda – Outro ponto da nova reforma trabalhista que vem causando polêmica é em relação ao teletrabalho. Atualmente, o trabalho à distância tem limite de horas, de acordo com a Constituição. O documento do GAET sugere que esse tipo de atividade possa ser exercida por demanda sem limite de horas e sem direito a hora extra.

Legalização do locaute – O locaute permite que uma empresa suspenda suas atividades até que os trabalhadores concordem com alguma condição de trabalho imposta, por exemplo. Atualmente, esse tipo de ação é totalmente proibida no país. Com a nova reforma trabalhista do Bolsonaro, no entanto, o locaute passaria a ser permitido, o que forçaria o trabalhador a aceitar alterações como mudança da carga horária, por exemplo.

Desoneração da folha – Essa é uma reivindicação antiga de empresários para aumentar a força de trabalho formal e uma das bandeiras de Paulo Guedes, atual ministro da Economia. A desoneração da folha de pagamento sugere a redução da Contribuição Patronal para a Previdência, das contribuições às entidades que fazem parte do Sistema S e do salário-educação.

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