Núcleo da Univap é referência na recuperação de animais
Atualmente com 350 bichos, Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras) pode abrigar até 600 exemplares diversos.
São José dos Campos – Referência no atendimento à fauna silvestre da região, a Universidade do Vale do Paraíba (Univap) está expandindo o Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras), situado no Campus Urbanova, em São José dos Campos. A expansão do núcleo conta com investimentos das concessionárias de rodovias CCR Nova Dutra e Tamoios, além da Engep Ambiental e empresa farmacêutica Drogavet. Por conta do alto grau de excelência acadêmica, o projeto iniciado em 1999 continua a atrair empresas.
Na parceria, a contrapartida da Univap, além da estrutura do centro, é o treinamento para os profissionais das empresas na contenção e manejo de animais, principalmente para os que atuam em operações de rodovia. Foram quatro treinamentos com abordagem teórica e prática. As principais situações observadas foram animais machucados, cuidados no manejo e no transporte. Instalado nas proximidades do Rio Paraíba do Sul e de um dos maiores residuais de Mata Atlântica no trecho entre Jacareí e São José dos Campos, o Cras tem 8,3 mil metros quadrados de área, que inclui tanto a área construída e de solário, além de duas alas para quarentena e de recuperação dos animais.
Animais reabilitados
Bióloga de formação e doutora em Engenharia Biomédica, Karla Andressa Ruiz Lopes é a responsável técnica do Cras e professora da Univap. Ela tem notado um aumento no volume de chegada de exemplares, apreendidos pela Polícia Ambiental e/ou levados por particulares. O crescimento decorre da eficiência do Centro, de ações policiais mais incisivas e também da expansão urbana sobre áreas com ecossistemas naturais minimamente preservados.”Depois de tratados e verificada as condições de êxito na reinserção na natureza, os animais são destinados para o ecossistema original e em sua área de ocorrência”, conta Karla. “Já tivemos exemplares que seguiram para o Mato Grosso, para a Bahia, mas não tem meio termo, ou o animal pode ser reabilitado e reintroduzido com 100% de sucesso ou não será feito”, complementa.
O estado de saúde dos animais também varia muito, mas a maioria é vítima de atropelamento. Cerca de 70% das espécies são aves, seguidos por 20% de mamíferos e 10% de répteis. E o tempo do tratamento vai depender da condição física e emocional do animal, além do período de recuperação de cada espécie. O histórico do centro registra uma loba guará internada por três anos, por exemplo, e papagaios que ficam por até oito meses. No entanto, existem os que serão cativos durante toda a vida. É o caso de um híbrido de arara, que por lei não pode ser reintroduzido; de saguis nascidos de intercruzamento de espécies; e animais exóticos.
Há ainda o caso de uma Arara Canindé, que tem estresse crônico, e de vários outros animais portadores de deficiências que os impossibilitam sobreviver no meio ambiente de origem. VariedadeQuanto ao volume de animais, entre as aves, lideram papagaios e periquitos, seguidos de araras e espécies menores da Mata Atlântica. Em termos de variedade, os mamíferos são quase insuperáveis. O Cras recebe capivaras, saguis, ratões do banhado, tatus, tamanduás mirim, preguiças, gatos do mato, veados campeiros e até uma onça parda que chegou em óbito. Os gambás são os líderes absolutos em incidência.
Reintrodução de espécies
Os répteis apresentam uma elevada concentração em diversidade. São tartarugas, jabotis, jacarés, lagartos diversos, iguanas e serpentes. “Todo nosso trabalho é feito com metodologia científica, contamos com uma médica veterinária, estagiários e colaboradores da Faculdade de Biologia, além de biólogos e tratadores. E, em infraestrutura, temos o ambulatório e equipamentos. Os casos cirúrgicos mais graves são encaminhados para outros centros. Atualmente, as espécies animais com reintrodução mais bem-sucedida são as de papagaios e araras, além do gambá”, disse Karla Ruiz. A capacidade instalada do Cras abriga de 400 e 600 animais. Com a reforma da área de recepção e manutenção, feita pelas empresas parceiras, há condições de receber mamíferos maiores, como onças. A população atual gira em torno de 350 animais, em recintos coletivos e individuais.