Entidades se manifestam sobre saneamento
A falta de saneamento básico pode explicar a elevada expansão do surto de doenças relacionadas ao Aedes aegypti.
São Paulo – A falta de saneamento básico pode explicar a elevada expansão do surto de doenças relacionadas ao Aedes aegypti. A incontestável relação entre a infraestrutura sanitária precária nas cidades e a proliferação do mosquito foi tema de pronunciamentos emitidos por associações que defenderam a prioridade em eliminar os criadouros.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) emitiu documento que questiona o modelo nacional de controle vetorial. “O foco deve ser a eliminação do criadouro e não do mosquito adulto”, diz a nota.
A entidade defende ações de intervenções urbanas para resolver o problema “de forma contínua e sistemática, e não como campanhas sanitárias pontuais”, afirma.
Além disso, relaciona os locais com urbanização precária à distribuição das mães de recém-nascidos com microcefalia, ou casos suspeitos. “Nestas áreas, o provimento de água de forma irregular ou intermitente leva essas populações ao armazenamento domiciliar de água de modo inadequado, condição favorável para a reprodução do Aedes”, diz o documento.
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), que também se pronunciou sobre o problema, foi enfática: “somente por meio do saneamento básico mudaremos o cenário epidemiológico de expansão de doenças cujos agentes são transmitidos pela falta de saneamento”.
Assim como a Abrasco, a Abes criticou a orientação nacional de controle do mosquito vetor. “No abastecimento de água, o pior problema para o combate à dengue é o abastecimento irregular, como falta ou intermitência de água, porque leva a população a usar caixas d#0027água, potes e barris. E, sem tampas ou mal tampados, esses reservatórios são ideais para o mosquito procriar”, diz.
Segundo o presidente nacional da Abes, Dante Ragazzi Pauli, as soluções devem ser uniformes, não apenas pontuais. “Trabalhar com saneamento é mais eficaz e agrega mais valor às cidades. E essa questão só fica evidente diante situações de crise, é preciso prevenir e discutir saneamento sempre”, afirma.
Produtos químicos no saneamento
As entidades contestam o uso excessivo dos produtos químicos para combater o mosquito. Segundo a Abrasco, o uso desconsidera vulnerabilidades biológicas e socioambientais.
A entidade critica o uso de larvicida em ações de combate, “a mais recente ameaça sanitária imposta pelo modelo químico dependente de controle vetorial”.
Para a Abes, o uso indiscriminado de larvicidas pelos agentes de saúde reforçam, na população, o sentimento de que apenas o uso de produto químico pode resolver o problema. “Esta concepção errônea reduz o comprometimento necessário pelo cuidado constante de prevenção nas casas pelo morador e dificulta a redução da infestação do mosquito