Doca Street, assassino de Ângela Diniz, morre em SP; relembre o crime
Raul Fernando do Amaral Street, ou simplesmente Doca Street, como ficou conhecido, morreu na tarde desta sexta-feira, 18, após ter uma parada cardíaca no Hospital Samaritano, em São Paulo. O homem, que morreu aos 86 anos, ficou nacionalmente conhecido após assassinar a sangue frio a socialite mineira Ângela Diniz, aos seus 32 anos, com quatro tiros no rosto, em dezembro de 1976.
O crime bárbaro foi um marco para o movimento feminista no Brasil, que começava a ganhar corpo e se mobilizou para fazer com que Doca fosse condenado. Agora, passados 44 anos após o crime, o caso vem à tona com a morte do assassino, que tentou da escapar da condenação.
Apesar de ter tido ampla repercussão na época, muitos brasileiros que hoje leem o nome de Doca Street nem sequer tinham nascido quando o assassinato aconteceu e nunca ouviram falar em Ângela Diniz. Entenda.
O relacionamento de Doca Street e Ângela Diniz
Os dois se conheceram em São Paulo, segundo aponta o Jornal O Globo. À época, os dois começaram a se envolver e Doca Street abandonou a esposa e os filhos para viver com Ângela em sua casa, na cidade de Búzios, no Rio de Janeiro. O relacionamento durou apenas quatro meses e teve momentos muito conturbados.
O assassinato de Ângela teria sido resultado de uma briga. Os dois estavam em uma casa na Praia dos Ossos, em Búzios, quando ela tentou por fim no relacionamento, mas ele, sempre muito controlador, não aceitou e a matou. A arma utilizada no crime foi abandonada ao lado do corpo da socialite e ele fugiu para Minas Gerais.
Doca Street foi julgado duas vezes, uma em 1979 e a outra em 1981 . Na primeira, ele foi inocentado porque os seus advogados alegaram “legítima defesa de honra”. A sentença gerou indignação. Mais tarde, o Ministério Público pediu a anulação do primeiro julgamento e ele voltou aos tribunais três anos depois, sendo condenado por 15 anos. Apesar da nova sentença, ele não passou nem metade do tempo na cadeia, cumprindo 10 anos da pena em liberdade condicional.
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Quem foi Ângela Diniz?
Considerada uma mulher muito à frente de seu tempo, Ângela Diniz foi uma socialite desquitada do primeiro marido em uma sociedade que não aceitava uma mulher separada. Por levar uma vida destemida, sem se importar com opiniões a seu respeito, sofreu julgamentos, sendo considerada uma mulher promíscua, tanto que os advogados de defesa de Doca a intitularam de “Vênus lasciva” para justificar seu assassinato.
A morte de Ângela deu origem à frase “quem ama não mata”, usada até hoje por grupos que lutam contra a violência doméstica. À época, para defender Ângela, o poeta Carlos Drummond de Andrade chegou a se referir a ela como ““Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.
Doca Street: vida após o crime
Segundo a Folha de SP, antes de ser cometer o assassinato de Ângela, Doca foi considerado pela Revista Setenta como “o homem forte do mercado de capitais, figura obrigatória nas reuniões e happenings da sociedade paulista, bon vivant”. Ele passou boa parte da vida operando no mercado financeiro e negociando carros.
Já em entrevista à Revista Isto É Gente, já nos anos 2000, ele declarou que recebia R$ 1.400 como aposentado e era dono de um apartamento e dois carros. Além disso, disse que não tinha mais vícios em bebida e cocaína, apenas que fumava alguns cigarros. Doca Street deixa sua ex-mulher, três filhos e dez bisnetos.