Saiba os riscos do primeiro verão da pandemia no Rio de Janeiro
Mesmo com aumento de casos e mortes no estado, as praias do RJ registram aglomerações
O primeiro verão no Rio de Janeiro durante a pandemia chegou e, como nas mesmas estações anteriores, terá temperaturas elevadas, conforme aponta o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O calor excessivo deve empurrar os banhistas para as praias, o que seria normal, senão fosse o contexto de uma pandemia que assola não só o país, mas o mundo.
Nos próximos dias, o que deve se ver é aglomerações por toda a extensão da faixa de areia, o não respeito ao distanciamento social e pessoas transitando sem máscaras. Já imaginando o cenário que vão enfrentar mais à frente, especialistas ouvidos pelo Extra alertaram sobre os riscos em relação à Covid-19 no verão no Rio. Veja:
Transmissão de Covid-19 pode aumentar no verão do Rio?
Roberto Medronho, professor da UFRJ que lidera estudos sobre a Covid-19, alerta que, apesar de o vírus não ser sazonal, o que quer dizer que sua transmissibilidade é alta em qualquer época do ano, no verão no Rio, com praias lotadas, o número de pessoas infectadas pode aumentar.
“Se houver uma pessoa ali na faixa de areia com coronavírus, ela certamente contaminará todas as outras que estiverem ao seu redor, num perímetro de dois metros. Se a pessoa estiver falando alto ou cantando, como acontece também nas baladas, esse perímetro aumenta muito ainda”, explicou em entrevista ao jornal.
Ela também comparou a Europa, que viveu uma segunda onda de Covid-19 também no verão, com o cenário nacional. “As pessoas estão se juntando em praias, bares, restaurantes e festas. Foi exatamente assim que a segunda onda chegou à Europa”, disse. Para evitar que o número de casos na aumente durante o verão no Rio, o professor, acompanhado de outros estudiosos, emitiu nota técnica sugerindo restrição às praias.
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Verão no Rio: com calor, uso de máscara se torna um desafio
Outro ponto apontado, desta vez pelo vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, é o impacto do verão no Rio no uso de máscaras, que pode diminuir.
“O uso da máscara no verão vai se tornar mais incômodo, mas é extremamente necessário”, diz. O especialista recomenda a troca frequente do equipamento, já que a umidade atrapalha a barreira contra o vírus.
Mesmo com alta de casos, praias estão lotadas
Mesmo antes do início do verão no Rio, as praias já registravam lotação. No último fim de semana, dias 19 e 20, imagens aéreas da TV Globo mostraram diversos banhistas na praia. A situação acontece em um contexto em que o estado sofre alta nos casos de Covid-19. Nesta segunda-feira, dia 21, o total de mortes pela doença chegou a 24.479 e os casos confirmados subiram para 407.575. A média móvel, que é de 106, variação de 26% do que a comparação com duas semanas atrás, mostra alta de casos pelo 7° dia consecutivo.
Medidas da prefeitura para diminuir banhistas na praia
Apesar dos registros de aglomerações nas faixas de areia, a prefeitura não proibiu diretamente a entrada de banhistas na praia. Ao invés disso, impôs algumas medidas no início do mês. Veja:
- Proibição de estacionamento na orla nos fins de semana e feriados;
- Cancelamento das áreas de lazer nas orlas de Copacabana, Ipanema e Leblon e no Aterro do Flamengo aos domingos e feriados (as pistas, portanto, não serão fechadas ao trânsito de veículos).
Além dessas, que afetam diretamente às praias, a administração municipal também tem determinou medidas na cidade para tentar impedir a transmissão do vírus, como:
- Escalonamento dos horários de funcionamento da indústria (a partir das 7h); dos serviços (a partir das 9h); e do comércio (a partir das 11h), para evitar aglomeração nos transportes públicos.
- Proibição do uso de áreas comuns de lazer em condomínios, onde não são usadas máscaras, como saunas e piscinas.
- Permissão para shoppings e Centros Comerciais ficarem abertos 24 horas, para evitar aglomerações nos meios de transporte.
Réveillon no Rio foi cancelado
A prefeitura cancelou o Réveillon no Rio devido ao aumento de casos de Covid-19. “Esta é uma decisão necessária para a proteção de todos. A festa será a da esperança por bons resultados das vacinas para conter a pandemia. Será ainda um momento de reflexão sobre um ano difícil, de luta, com lamentáveis perdas de tantas pessoas. E será também hora de dar graças a Deus pelas vidas salvas”, disse o prefeito Marcelo Crivella.
Com a Covid-19, a prefeitura havia organizado o Réveillon na cidade em seis palcos de shows espalhados pela Orla. O evento não contaria com presença do público e seria transmitido virtualmente e pela TV Aberta. Agora, porém, ele não vai mais acontecer.