Setor de locação abandona IGP-M no reajuste do aluguel
Proprietários e inquilinos têm, em comum acordo, optado por substituir o indexador, que tem ficado muito acima de outros
O mercado de locação vem procurando suas próprias fórmulas para substituir o IGP-M no reajuste do aluguel.
Para os contratos com vencimento neste mês de abril, o reajuste por esse indexador seria de 31,1%, nível fora de propósito para uma realidade de queda de renda e crise financeira por que o País atravessa.
Mas não é de agora que proprietários e inquilinos estão abandonando o IGP-M para aplicar outros índices ou, em alguns casos, deixar o contrato seguir sem ao menos aumentar os valores no mês de vencimento.
Poucos donos de imóvel aplicaram o IGP-M
Uma pesquisa feita pela administradora Lello mostrou que apenas 8% dos reajustes feitos em março usaram o IGP-M como indexador.
Em 38% dos casos os proprietários optaram por não aumentar o valor do aluguel e 29% autorizaram a aplicação da correção pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Em 25% das negociações entre proprietários e inquilinos foram negociados outros valores.
Ainda segundo balanço da Lello, desde o final do ano passado as negociações se tornaram mais frequentes.
Em novembro de 2020, 28% dos proprietários não reajustaram os valores de aluguéis vigentes, 20% aplicaram o IPCA e 38% autorizaram outros percentuais que não o índice do IGP-M.
Desde outubro de 2020, quando o IGP-M/FGV, índice mais utilizado para o reajuste dos contratos em curso, passou a se descolar dos demais índices inflacionários e, principalmente, da variação de preços das novas locações, a Lello desenvolveu um sistema eletrônico de negociação.
Por esse sistema, proprietários e inquilinos mais uma vez foram estimulados à autocomposição do contrato, considerando as dificuldades pelas quais ambas as partes possam estar enfrentando em decorrência da pandemia. Na prática foi mais uma saída para evitar desequilíbrio dos contratos e do valor do aluguel.
Foram concedidas as opções de não reajustar, reajustar pelo IPCA, oferecer outro valor ou, ainda, aplicar o IGP-M, sempre a depender da situação concreta.
“A iniciativa foi muito bem recebida por ambos os lados, e os clientes ficaram muito satisfeitos com a proatividade. Foram diversos os depoimentos nesse sentido”, afirma Moira Regina de Toledo Bossolani, diretora de Risco e Governança da Lello.
Já em janeiro deste ano, a Lello decidiu adotar a mudança do índice de reajuste dos novos contratos de aluguel residencial e comercial firmados entre proprietários e inquilinos, do IGP-M/FGV para IPCA.
“O objetivo foi reduzir o impacto dos reajustes nas relações locatícias, uma vez que o IGP-M acumulou alta muito acima da média, e estimular contratos, acelerando a velocidade das locações.