Queimadas no Pantanal: entenda o que está acontecendo na região

Já são mais de um milhão de hectares tomados pelo fogo. A área queimada no Pantanal já passa de 2 milhões de hectares, tamanho referente a 10 vezes as cidades de SP e RJ juntas

As queimadas e incêndios no Pantanal em 2020 já destruíram o equivalente a 10% de um dos biomas mais importantes do Brasil e do mundo, informam entidades que monitoram a região. O local enfrenta mais de 25 mil focos de queimadas na região do Mato-Grosso.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 12% da vida do Pantanal foi perdida decorrente do fogo que vem consumindo o local esse ano. Ainda segundo o Inep, essa é a pior situação de incêndios que a região enfrenta desde 1999.

Saiba mais sobre o que está acontecendo no Pantanal e como a fauna e a flora estão sendo atingidas.

Queimadas no Pantanal

Com os queimadas devastando a região do Pantanal, no fim de julho o governo de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência ambiental na área do Pantanal sul-mato-grossense por 180 dias. Além disso, suspendeu as autorizações ambientais de queima controlada pelo mesmo período, e solicitou apoio federal para combater os focos de calor.

Os dados levantados pelo Inpe revelam que, entre janeiro e agosto, um total de 10.153 focos de incêndio no Pantanal, bioma que soma 150 mil quilômetros quadrados, foram localizados nos Estados do Mato Grosso (35%) e Mato Grosso do Sul (65%). Além disso, o número de focos supera os 10.048 pontos de queimadas contabilizados pelo Inpe entre 2014 e 2019. Mais de um milhão de hectares já foram queimados, segundo uma estimativa do Ibama. Há registos de incêndios no Parque Indígena do Xingu, que fica na região Amazônica, no Pantanal e no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, que está dentro do Cerrado. O fogo atingiu até a Bolívia, país vizinho do Brasil.  A fumaça se espalha chegando até a região metropolitana de Cuiabá e o interior do estado.

Atualmente, há cerca de 80 viaturas e 600 brigadistas do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) em atuação na região.

Foto mostra bombeiros apagando fogo em incêndios no pantanal
Foto: mayke toscano/secom-mt

Incêndios criminosos

Segundo a perícia do estado do Mato Grosso do Sul, há indícios de incêndios feitos intencionalmente por humanos, ou seja, criminosos. De acordo com a Lei nº 9.605/1998, é crime provocar incêndio em mata ou floresta com pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Um incêndio foi provocado com o propósito de queimar a vegetação desmatada “para criação de área de pasto para gado.” Embora a perícia tenha identificado queimadas criminosas, também existem incêndios por causas acidentais.

Em entrevista ao Jornal Nacional, Cristina Cuibalia, do Sesc Pantanal, alerta que apesar do esforço, as queimadas ilegais estão gerando novos focos.

“Os incêndios que o Pantanal vem sofrendo agora durante essa estação da seca, mais de 90% tem origem na ação humana, que é o uso indevido do fogo, que é proibido. O impacto é muito grande tanto para as populações, quanto para a fauna e para a flora pantaneira”, afirma.

Animais estão sofrendo com as Queimadas no Pantanal

Onça-pintada ferida em incêndio no pantanal. Anguera)
Onça-pintada ferida em incêndio no pantanal. (foto: reprodução/tv anhanguera)

Por conta das queimadas, os animais estão sofrendo junto com a vegetação natural. O Pantanal abriga diversas espécies, inclusive ameaçadas de extinção. Devido aos incidentes, uma jaguatirica, que estava em estado grave de saúde, foi sacrificada pelo Posto de Atendimento Emergencial a Animais Silvestres da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul. O animal estava com as patas queimadas e não resistiu, portanto teve de ser sacrificada.

Além disso, os incêndios começaram a avançar no Parque Estadual Encontro das Águas, no Mato Grosso, próximo à capital, Cuiabá. Segundo o governo do estado, a localidade é conhecida por deter a maior concentração de onças-pintadas do mundo.

Está acontecendo uma campanha online para juntar dinheiro para financiar ações que visam ajudar a cuidar dos animais que perderam seu habitat pelo fogo. A vaquinha já arrecadou mais de R$ 330 mil. A ideia era chegar ao valor de 300 mil. Para doar é só acessar esse link.

Operação pantanal

As Forças Armadas atuam, desde o dia 25 de julho, no combate a incêndio no Pantanal sul-mato-grossense. No dia 5 de agosto, as ações foram estendidas ao Pantanal mato-grossense. O combate as queimadas foi batizado de “operação pantanal”. Segundo o site do governo estadual, o Centro de Coordenação da Operação está instalado no aeródromo do Sesc Pantanal, em Poconé (MT), ponto estratégico para o emprego dos meios. Participam da operação embarcações e helicópteros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além de Fuzileiros Navais com curso em incêndio florestal.

Entretanto, no dia 7 de agosto, o Governo de Mato Grosso lançou a Operação Pantanal 2, que visa combater os incêndios no bioma. Assim, os focos de incêndio devem cair na região do Pantanal. Mato Grosso recebe um reforço de recursos vindos do estado de Mato Grosso do Sul.

Criticas ao governo federal

Com a grave situação no Centro-Oeste do país, parte da população cobrou aos governantes uma atitude para frear a devastação. Ricardo Salles declarou que “o Ministério do Meio Ambiente está atuando com centenas de brigadistas, dezenas de viaturas, dois helicópteros e cinco aviões de combate a incêndios” quando questionado sobre o volume dos incêndios.

Mas um acontecimento piorou a situação do governo federal. Em uma reunião ministerial na terça-feira (8), uma youtuber mirim, Esther Castilho, questiona ao presidente “O pantanal tá pegando fogo?”. Jair Bolsonaro não responde e dá uma risada, junto outras pessoas presentes no momento. Em seguida o ministro do meio ambiente consente e diz “Tá pegando fogo, mas o presidente mandou 10 aviões lá pra mandar apagar”. Essa situação gerou revolta e as pessoas se manifestaram, contrariamente, ao presidente nas redes sociais. A hashtag “SavePantanal” foi levantada no twitter hoje e ficou entre os assuntos mais comentos do momento.

Confira o momento em que o presidente ri da pergunta:

A oposição faz pressão na câmara dos deputados. Ontem (8), um documento foi assinado por Alessandro Molon (PSB-RJ), Enio Verri (PT-PR), Wolney Queiroz (PDT-PE) e Arthur Lira (PP-AL) pede para que o Projeto de Lei 9.950/2018, que dispõe sobre a conservação e o uso sustentável do bioma Pantanal, seja seja incluído na Ordem do Dia do plenário da Câmara.

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