Hong Kong vai adiar eleições para 2021 por preocupação com Coronavírus
Alegando risco de contaminação da doença, o poder executivo da cidade decidiu remarcar as eleições para o Conselho Legislativo para setembro do próximo ano.
Nesta sexta-feira, 31, a governadora Carrie Lam anunciou que Hong Kong vai adiar as eleições para o Conselho Legislativo da cidade.
A princípio, o pleito seria realizado no dia 6 de setembro deste ano, mas foi adiado para o mesmo mês em 2021. A decisão, segundo o governo local, foi tomada por conta da crescente onda de Coronavírus na região.
O site Worldometers, que mostra estatísticas mundiais da doença em tempo real, revela que Hong Kong já registrou mais de 3.200 casos e 27 mortes. Com apenas 7,4 milhões de habitantes, os números do território são baixos.
A preocupação, no entanto, se fundamenta no fato de que, há mais de uma semana, o reporte diário de casos passa dos cem. Esse é o pior momento para a cidade desde o início da pandemia. Por consequência, medidas restritivas para controlar o contágio voltaram a ser adotadas, entre elas o uso obrigatório de máscaras em lugares públicos e o fechamento de restaurantes.
O cenário das eleições em Hong Kong
A pandemia, no entanto, não é o único motivo para o adiamento das eleições em Hong Kong. De acordo com a BBC, a oposição acusa o governo de usar o avanço da doença como pretexto para impedir a população de ir às urnas.
O anúncio de que Hong Kong vai adiar as eleições veio logo depois de um veto da candidatura de 12 ativistas pró-democracia. Isso ocorreu em virtude da nova lei de segurança nacional promulgada pela China há cerca de um mês.
De acordo com o pacote de regras, quem for contra a lei ou a Lei Básica (espécie de Constituição local) não pode concorrer ou ocupar cargos públicos. Além disso, crimes contra a segurança do Estado podem ser reprimidos e as sentenças podem levar, inclusive, à prisão perpétua.
Em relação ao Conselho Legislativo, que hoje é encabeçado por seguidores do presidente chinês, Xi Jinping, a esperança dos democratas era aumentar sua participação durante as eleições em Hong Kong. Eles esperavam contar não só com o apoio da população, visto que há protestos contra a nova legislação, mas também da comunidade internacional.
A União Europeia, por exemplo, limitou a exportação de equipamentos e tecnologias para a China e não vai entrar em novas negociações com Hong Kong. Já os Estados Unidos deram fim à política econômica especial ao território.
Donald Trump também avalia adiar as eleições
Por falar em Estados Unidos, o presidente Donald Trump sinalizou esta semana o desejo de alterar a data das eleições no país, marcadas para o dia 3 de novembro. Ele não tem, entretanto, poder para assinar o adiamento – para tanto, ele precisaria de uma autorização do Congresso.
Trump usou o Twitter para afirmar que, ainda que não existam evidências, a votação realizada pelos correios poderia levar a casos de fraudes e imprecisão. Assim, sua sugestão seria adiar a data das eleições para que os cidadãos possam votar “de maneira adequada, segura e protegida”.
Em contrapartida, especialistas em segurança eleitoral dizem que a possibilidade de fraudes eleitorais é mínima.
Pouco depois, o presidente voltou atrás na ideia de mudar a data das eleições, mas disse que vai recorrer à justiça se o resultado da votação via correio for expressivo. “Eu não quero adiar, quero ter eleição. Mas também não quero esperar três meses e depois descobrir que estão faltando cédulas e que a eleição não significou nada”, afirmou em entrevista coletiva na Casa Branca.