Câmara dos deputados aprova descriminalização do aborto na Argentina
Os políticos argentinos votaram sim a um projeto de lei que aproxima o país, em grande parte católico, de legalizar o aborto.
Câmara dos deputados aprova descriminalização do aborto na Argentina.
Os políticos argentinos votaram sim a um projeto de lei que aproxima o país, em grande parte católico, de legalizar o aborto, uma mudança há muito buscada por ativistas dos direitos das mulheres.
A câmara baixa do Parlamento votou a favor da lei proposta por 131-117.
Contudo, antes de se tornar lei, o projeto também deverá receber a aprovação da Câmara Alta, o Senado. A votação está prevista para antes do final do ano.
Muitas mulheres que fazem aborto na Argentina podem ser processadas.
De acordo com o projeto de lei proposto pelo presidente Alberto Fernández, o aborto terá permissão para ser feito até a 14ª semana de gravidez.
Atualmente, o aborto só recebe permissão em caso de estupro ou se a saúde da mãe estiver em risco durante a gravidez.
Hoy escribimos un nuevo capítulo en la historia. El proyecto de Ley de IVE que enviamos al Congreso y que reconoce los derechos de las mujeres y otras personas gestantes tiene media sanción. Me emociona este logro colectivo que es de todas, todes y todos 💚.
#QueSeaLey pic.twitter.com/Tv8xYdqw15
— Eli Gomez Alcorta (@EliGAlcorta) December 11, 2020
Descriminalização do aborto na Argentina
Assim, a Câmara aprovou o projeto de lei depois de debater por 20 horas na manhã de quinta a sexta-feira (11).
Contudo, espera-se que a votação no Senado seja ainda mais apertada. Afinal, em 2018 o órgão rejeitou um projeto de lei semelhante para legalizar o aborto depois que a Câmara votou a favor.
Na quinta-feira, a Igreja Católica Romana repetiu sua oposição ao aborto, pedindo aos políticos da Argentina “um segundo de reflexão sobre o que significa respeito pela vida”.
Em contraste, a ministra da Mulher, Gênero e Diversidade, Elizabeth Gómez Alcorta, tuitou após a votação: “Escrevemos um novo capítulo em nossa história”.
Grupos pró e contra o projeto de lei se reuniram em frente ao prédio do congresso na capital, Buenos Aires.
Os manifestantes que fizeram campanha pela mudança vestiram-se de verde, a cor de seu movimento. Muitos aplaudiram e choraram quando o resultado da votação foi anunciado.
De acordo com o governo argentino, cerca de 38.000 mulheres por ano precisam de tratamento hospitalar devido a procedimentos perigosos de aborto realizados em segredo.
Estima-se que milhares morreram após um aborto inseguro desde 1983.