Ibovespa fecha com alta de 0,11% sob temor de risco fiscal
Solução para o imbróglio gerado a partir da aprovação do Orçamento 2021 ainda parece distante, contaminando otimismo de investidor
Depois de superar os 118 mil pontos ainda pela manhã e parte da tarde, o Ibovespa acompanhou o movimento morno, de perdas e ganhos, do mercado externo e encerrou o dia em leve alta, de 0,11%, aos117.623,58 pontos.
Sem indicadores americanos significativos na agenda do dia, o índice da bolsa paulista mirou na fala de Jerome Powel com a divulgação da ata do Fomc (Federal Open Market Committe) relativa à última reunião do Federal Reserve (Fed), que indicou juros perto de zero nos EUA até 2023, ao mesmo tempo em que elevou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano em 2021 de 4,2% para 6,5%.
A bolsa reagiu positivamente à ata. A expectativa de investidores em relação a quando os EUA voltariam a subir os juros depois da revisão do crescimento do PIB para acima dos 6% em 2021 foi em parte reduzida pela fala de Jerome Powell, presidente do Fed, que deu sinais de que apesar de os EUA esperarem um crescimento mais vigoroso da economia ainda neste ano, com a recuperação de empregos e de investimentos, o Fed não deverá elevar os juros até 2024 como já indicara em sua última reunião. Powell falou do otimismo quanto à recuperação econômica do país, com a aprovação do pacote fiscal para a infraestrutura e com o ritmo acelerado da vacinação.
Em casa – Ibovespa
No cenário doméstico, o problema gerado pela aprovação do Orçamento 2021 ainda dá o tom dos negócios. Sem um acordo entre Congresso e Ministério da Economia em relação a uma solução para a realocação de recursos para as despesas obrigatórias, investidores temem pelo risco fiscal que pode ser gerado caso o texto seja mantido com um orçamento menor para as despesas do governo em educação, investimentos em infraestrutura e saúde.
Azedou o mercado externo a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que a política de preços da Petrobras poderá mudar, ao mesmo tempo em que reclamou do aumento de 39% no preço do gás. A fala elevou o estresse em torno de uma intervenção na empresa e fez as ações da Petrobras, terceiro maior peso dentro do índice, recuarem.
O dólar também acabou pressionado pelo receio de um risco fiscal decorrente da falta de acordo sobre o Orçamento, temor que afetou ainda os juros futuros, com todos os contratos em alta. A moeda americana encerrou o dia em alta de 0,78%, cotada a R$ 5,6434.