Empresas de drones apostam no agronegócio para ampliar vendas
Cresce a oferta de drones e softwares voltados para o campo no Brasil, incluindo de gigantes como a CNH Industrial, dona das marcas New Holland e Case.
Mais de um terço das empresas que trabalham com drones está voltada para o agronegócio no Brasil, segundo fontes do setor. Para garantir uma fatia nesse filão, startups e grandes companhias investem na diversificação do uso dos equipamentos no campo e prometem ganhos de produtividade que podem chegar a 15%. No mundo, o agronegócio responde por 25% do faturamento do setor. “No Brasil, o segmento responde por mais de 40%”, estima o coordenador da DroneShow, Emerson Granemann. A mostra ocorre a partir de hoje em São Paulo e deve movimentar até R$ 50 milhões. “O setor faturou R$ 300 milhões no ano passado e deve crescer 30% neste ano”, estima Granemann.
As aplicações no campo de veículos aéreos não tripulados (vants) – como são chamados os drones com fins comerciais e uma carga útil embarcada além da necessária para o voo – são diversas. Vão desde a identificação de doenças à pulverização de lavouras, além de contagem e vistoria de rebanhos. Criada por três engenheiros graduados pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a Eleva aposta na pulverização e em um drone de grande porte para se diferenciar no mercado.
A startup apresentou ao mercado na Feira Internacional de Tecnologia em Campo (Agrishow), no começo deste mês, o Eleva Spray 150. O protótipo é capaz de pulverizar 20 hectares por hora, carregar 75 quilos do insumo e possui cinco metros de largura. “Identificamos uma oportunidade de atender especialmente a culturas como café, horticultura e fruticultura”, destaca o diretor-executivo e um dos fundadores da Eleva, Luciano Castro. Existe uma deficiência operacional nesse tipo de atividade, uma vez que tratores podem causar danos às lavouras e a aviação agrícola é cara , salienta. O drone da Eleva deve chegar ao mercado em 2019 a um valor estimado de R$ 400 mil. A Positivo Tecnologia é dona de 40% da startup, que também busca outros investidores para tirar o protótipo do papel.
Grandes empresas, como a CNH Industrial, dona das marcas New Holland e Case, também apostam no uso dos equipamentos no campo. A partir de julho, o grupo oferecerá aos clientes a possibilidade de pagar pelo uso do drone de acordo com o número de hectares mapeados para que as informações captadas sejam processadas e repassadas ao agricultor. Os drones serão fornecidos por uma empresa parceira às concessionárias. “O drone é uma ferramenta que permite um melhor desempenho das máquinas no campo, seja para um melhor nivelamento ou direcionamento de piloto automático”, afirma o especialista em marketing de produto da New Holland, Marco Milan.
Mudança de foco: drones no campo
Empresas e startups de drones que atuam em outras áreas passaram a apostar no campo para ampliar negócios. O Grupo Bembras, que presta serviços em áreas como segurança pública, criou a Bembras Agro, para atuar no setor. “Hoje, 60% do nosso faturamento vem do agronegócio”, afirma o co-fundador e diretor operacional da Bembras Agro, Johann Coelho. Em seis meses de operação, a empresa faturou R$ 1 milhão e deve fechar o ano com R$ 4 milhões em negócios. “Já no primeiro ano, vamos pagar o investimento, que foi de R$ 1,5 milhão, e utilizar esse capital para investir na empresa”. A Bembras Agro oferece soluções em mapeamento de áreas, pulverização e apoio no direcionamento de maquinário. Os equipamentos custam entre R$ 7 mil e R$ 300 mil, conforme a tecnologia embarcada nos drones. “O produtor busca essa solução pela redução de custos, aumento de produtividade e pela precisão que o uso de drones permite no campo”, avalia o diretor. Ele salienta que não penas produtores, mas também prestadores de serviços no campo, como agrônomos e consultores, têm investido em drones como ferramenta. “Isso permite que a tecnologia chegue também aos pequenos e médios produtores”, observa.
A empresa de tecnologia Storm Group criou recentemente um grupo focado em agronegócio. “O setor tem sido pouco afetado pela crise e tem um grande interesse em uma análise de dados qualificada”, esclarece o diretor de sistemas embarcados da empresa, Marcos Soares. “É um mercado que ainda vai crescer muito”, complementa o empresário. A empresa atua no ramo de drones há cinco anos, além do desenvolvimento de softwares, e trabalha em soluções para alcançar também o público agropecuário. “Queremos desenvolver o uso para contagem de animais, por exemplo”, diz. O equipamento custa entre R$ 15 mil e R$ 150 mil.