Número de vagas no comércio deve disparar em 2018

Número de trabalhadores pode ficar bem acima do visto em 2017, mas renda de vagas cairá com a nova CLT, inflando a base de empregos.

As perdas acumuladas no número de vagas no varejo dos últimos anos parece ter chegado ao fim. O movimento, puxado pela Reforma Trabalhista, se apoia apenas no estoque dos trabalhadores, e não na rentabilidade dos empregados, fator que joga ainda mais para frente a retomada do poder de compra do empregado, e posterga a ainda mais a retomada das vendas no varejo.

Para este ano, a estimativa do mercado e do governo é que oferta de vagas dentro comércio varejista apresente um salto, principalmente pela regulamentação do trabalho intermitente e da jornada 12×36. “A reforma põe fim a um antigo pleito dos empresários do comércio, mas sozinha não será responsável pela volta do poder de compra do brasileiro”, comentou o professor de macroeconomia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), César Maranhão. Para o acadêmico, um trabalhador do varejo precisará constar como funcionário de ao menos duas varejistas para, no regime intermitente, compor uma renda que seja similar a que ele recebia com o contrato antigo. “Isso inflará a base de empregos, e vão comemorar como se fosse vitória”, comenta ele.

A visão do acadêmico está em linha com a situação enfrentada pelos funcionários de uma grande rede de supermercados do Rio de Janeiro. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Supermercados da cidade do Rio de Janeiro, diversas denúncias têm chegado sobre condições precarizadas de emprego. “Soubemos de casos de funcionários que recebiam R$ 80 por domingo trabalhado e o valor caiu para R$ 36”, conta o assessor jurídico da entidade, Caio Andreolli. De acordo com ele, esses casos estão se tornando cada vez mais frequentes, e vão além do segmento supermercadista. “Quase todo o varejo adotou o trabalho intermitente. Isso mutilou a renda do vendedor”, lamenta.

Fila - vagas de empregoSaldo positivo de vagas no Estado de São Paulo

Considerado o motor da economia nacional, São Paulo apresentou um saldo positivo, após dois anos de retração, na base de trabalhadores no varejo. Segundo levantamento da FecomercioSP, entre janeiro e dezembro do ano passado, foram criadas 6,3 mil vagas, revertendo apenas uma fatia dos 107,5 mil empregos perdidos no setor entre 2015 e 2016. Apesar do resultado ainda incipiente, a Federação sinaliza o ponto de inflexão do setor, que deverá encerrar 2018 com um cenário ainda melhor. Ao término de 2017, o estoque ativo do setor foi de 2.089.209 trabalhadores formais, alta de 0,3% em relação a dezembro de 2016. Os dados foram puxados por vagas em lojas de vestuário e calçados, supermercados e farmácias.

Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais detalhes