Bezerra da Silva é homenageado pela Acadêmicos do Tucuruvi em 2023
Acadêmicos do Tucuruvi traz samba-enredo que fala sobre o grande sambista.
A Acadêmicos do Tucuruvi escolheu o sambista Bezerra da Silva, conhecido por sucessos como Malandro é Malandro e Mané é Mané, para homenagear no carnaval de 2023. O samba-enredo “Da Silva, Bezerra. A Voz do Povo” fala da lenda da música e é assinada pelos carnavalescos Dione Leite e Yago Duarte.
Quem foi Bezerra da Silva?
Bezerra da Silva nasceu em 1927 e era natural de Recife, capital do Pernambuco. Ele se mudou para o Rio de Janeiro aos 15 anos de idade.
O artigo “Bezerra da Silva – Voz e Produto do Morro”, da revista Ciência & Vida, que também cita trechos do livro da antropóloga Letícia Vianna sobre o cantor, conta que quando chegou na cidade maravilhosa, ele começou a trabalhar na construção civil e se profissionalizou como pintor.
Sem dinheiro, ele vivia nas próprias construções em que trabalhava, mas anos depois de mudou para o Morro do Cantagalo, onde viveu por mais de duas décadas. Ele continuou trabalhando com construção civil, mas nos anos 50 conseguiu um emprego temporário na Rádio Clube Brasil como ritmista e passou a se dividir entre as duas profissões.
No entanto, quatro anos mais tarde, Bezerra da Silva ficou sem trabalho e acabou morando na rua. Ele ficou nesta situação durante sete anos e chegou até pensar no suicídio. Ainda segundo o artigo, o músico descobriu que sua situação era difícil por culpa de uma mulher que ele magoou e por isso lhe fez um “trabalho”. Para se curar e recuperar a vida, se converteu à umbanda e depois tudo mudou.
Ele conseguiu um novo lugar para morar, no Parque Proletário da Gávea, e deu seus primeiros passos na carreira. Em 1965, teve sua primeira música gravada para o carnaval, pela cantora Marlene.
Uma década mais tarde, ele lançou seu primeiro LP, intitulado Bezerra Da Silva – O Rei Do Côco Vol 1. Dois anos depois, largou a antiga profissão na construção civil e começou a viver só da música. Foi quando ele conseguiu seu primeiro emprego formal como instrumentista na orquestra da Rede Globo, tocando violão clássico, trabalho que manteve até 1984.
Nos anos que se seguiram após seu lançamento do LP, ele gravou vários discos e canções. “Malandro é Malhando e Mané é Mané”, “Eu Tô de Pé”, “Meu Samba é Duro na Queda”, “Contra o Verdadeiro Canalha”, “Presidente Caô Caô”, “Alô Malandragem” e “Maloca O Flagrante” são apenas algumas de suas obras.
O sambista Bezerra da Silva morreu em janeiro de 2005, aos 77 anos, no Rio de Janeiro. O Jornal Brasil informou na época que ele teve falência múltipla dos órgãos.
Bezerra da Silva passou por problemas pulmonares nos meses antes de falecer, sendo internado algumas vezes. Em setembro de 2004, ele chegou a ser diagnosticado com pneumonia e enfisema pulmonar, mas depois teve alta e fez o tratamento em casa.
Em outubro do mesmo ano, foi novamente parar no hospital e desta vez esteve no CTI (Centro de Tratamento Intensivo). Ele ficou internado até o dia em que faleceu, em janeiro de 2005.
Samba-enredo da escola Acadêmicos do Tucuruvi
DA SILVA, BEZERRA. A VOZ DO POVO!
Brasil… é favela, é quilombo, é roncó
Dos das silvas e bezerras
Que chegaram nessa terra,
Encarnados em um só,
Naquele batuqueiro dos mocambos,
Que fez samba de malandro
Contra a fome e a opressão
Cantava contra a justiça extinta,
Um sambista da corimba,
Zé pilintra da nação
Vem no batuque mandingueiro,
Traz a força do congá,
Firma o ponto no terreiro,
Com a luz de oxalá,
Sua verdade, jesus,
Por um caminho de amor,
Aos pés da santa cruz se ajoelhou
Nos morros, diversos talentos
Compondo verdade sem vacilação
Sambistas, poetas, partideiros
A serviço da canção
E o samba é na lata da nata que fere o brasil,
Tem gente de terno e gravata matando mais que fuzil
Um monte de dedos de seta, canalhas que a pátria pariu
Alô, malandragem, otário não entra aqui
Na tucuruvi, na tucuruvi
Sapeca iáiá, faz o povo sorrir
Vai tucuruvi, vai tucuruvi
Tem que ter fé pra viver nesse país
Brasileiro não desiste, nunca vai desistir.
A esperança “tá” em cada um de nós, ôôô…
A voz do bezerra é a nossa voz.