Angela Davis: um símbolo da luta feminista e antirracista nos EUA

O nome de Angela Davis é quase unanimidade quando o assunto é feminismo e antirracismo, mas você sabe quem é esta figura importante para a história dos Estados Unidos? Conheça a história de Angela Davis

O nome de Angela Davis é quase unanimidade quando o assunto é feminismo e antirracismo. Mas você sabe quem é esta figura importante ?

Conheça abaixo a história de Angela Davis:

Quem é Angela Davis?

Angela Davis cresceu no estado do Alabama entre os anos 40 e 50, quando os EUA ainda passavam por um grave período de segregação racial. Como resultado do ambiente hostil, afinal o Alabama era um dos estados mais racistas do país, Davis começou a combater o racismo e formular seu pensamento crítico ainda jovem (com grande incentivo da mãe, uma mulher ligada ao movimento comunista). 

Ao mesmo tempo que já militava por direitos iguais, Angela Davis ingressou no universo acadêmico e focou seus estudos em filosofia. Quando tinha apenas 24 anos, já possuía as graduações de mestrado e doutorado. Além da conquista incomum para uma mulher negra naquela época, a filósofa também foi professora na Universidade da Califórnia entre 1969 e 1970. Apesar de inegável qualidade acadêmica, Davis foi demitida por conta de seu “discurso inflamado” contra temas como racismo, violência policial e machismo.

Na mesma época de demissão, Davis já estava filiada ao movimento dos Panteras Negras, organização social com ideais antirracistas e socialistas. O movimento existiu entre 1966 e 1982 e foi considerado pelo diretor do FBI, Edgar J. Hoover, como “a maior ameaça à segurança interna do país”.

Embora os Panteras Negras fossem conhecidos pelo uso de armas como ferramenta para a legítima defesa e luta contra violência policial, o movimento também organizava “programas de sobrevivência”. O mais famoso deles  era o “Café da manhã gratuito para Crianças”. Portanto, dentro deste contexto e organização, Angela Davis era uma das principais pensadoras revolucionárias, e como resultado disso, chegou a ser presa.

Prisão de Angela Davis

A prisão de angela davis desencadeou uma série de manifestações nos eua ao longo de 16 meses. Fonte: wikipédia
A prisão de angela davis desencadeou uma série de manifestações nos eua ao longo de 16 meses. Fonte: wikipédia

Certamente, sua prisão foi um dos momentos mais decisivos de sua vida. Como ativista dos Panteras Negras, Angela Davis era uma grande defensora dos Irmãos Soledad, três homens negros acusados de matar um guarda penitenciário – alegadamente, como resultado do tratamento cruel que o policial dava à prisioneiros negros. 

Davis defendia os irmãos, pois não haviam sido julgados pelos crimes dos quais eram acusados. Além disso, a ativista negra trocava cartas apaixonadas com George Jackson, um dos Irmãos Soledad. Esse relacionamento entre os dois foi definitivo para motivar a prisão de Angela Davis entre 1970 e 1976.

Em 7 de agosto de 1970, o irmão de George, Jonathan Jackson, invadiu uma audiência sobre o caso dos Irmãos Soledad e fez um juiz de refém para tentar liberar o trio de prisioneiros. O plano, porém, deu errado e tanto o juiz quanto os dois irmãos acabaram mortos. A investigação do crime descobriu que as armas utilizadas por Jonathan estavam registradas no nome de Angela Davis. Como resultado da descoberta, a justiça iniciou uma caçada à filósofa e o FBI a incluiu na lista de Mais Procuradas. Quando finalmente foi presa, após dois meses de fuga, o presidente Richard Nixon comemorou sua captura.

O julgamento de Angela foi um dos mais noticiados da história dos EUA, pois ela era um dos principais nomes ligados à onda revolucionária que tomava conta do país. Ela ficou cerca de 16 meses presa, mas acabou inocentada, pois as provas de seu envolvimento no crime de Jonathan Jackson eram pouco convincentes. Há quem afirme que a prisão de Angela Davis não passou de uma tentativa de deslegitimar sua militância e o movimento dos Panteras Negras.

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A importância de seus estudos

Além de sua histórica atuação em manifestações durante as décadas de 60, 70 e 80, Davis também é uma grande referência dentro das Ciências Sociais por suas obras que refletem temas como racismo, feminismo, capitalismo e liberdade.   Seus estudos são destacados pelo uso da interseccionalidade, ou seja, a análise de como a combinação de diferentes formas de opressão social pode gerar maior vulnerabilidade social

“Estudar Angela Davis é tarefa essencial para nos aprofundarmos nas questões de nosso tempo. Suas obras revelam um olhar apurado, uma perspectiva revolucionária sempre por viés anti capitalista, sexista e antirracista”, explica a filósofa brasileira Djamila Ribeiro, autora do prefácio da edição brasileira do livro Mulheres, Raça e Classe. Se você ainda não leu nenhuma obra sobre feminismo negro, certamente vale começar por uma de Angela Davis.

Assista à palestra de Angela Davis no Brasil

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