Racismo reverso: entenda a polêmica e por que ele não existe

A discussão voltou à tona após o anúncio de processo seletivo exclusivo para pessoas negras, na Magazine Luiza. Racismo reverso foi os assuntos do momento do Twitter.

A discussão sobre o racismo reverso ressurgiu no Twitter nos últimos dias. A polêmica ficou entre os assuntos mais comentados da plataforma, depois que varejista Magazine Luiza anunciou a abertura de processo seletivo para pessoas negras, exclusivamente.

Por isso, o jornal DCI reuniu algumas perguntas sobre a polêmica. Veja, a seguir.

O que é Racismo?

O racismo “é um sistema de opressão que nega oportunidades a grupos por conta da sua cor de pele”, é o que explica a filósofa Djamila Ribeiro. Sendo assim, é possível afirmar que o racismo é a violência exercida pelas mais variadas manifestações do poder, na lógica de hierarquia e supremacia ideológica e de reafirmação da ideia de colonizador-colonizado. Em suma, o racismo é a violência contra negros e que se manifesta pelas relações de poder de maneira institucionalizada.

Dessa forma, Djamila Ribeiro diz que “não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui”.

Nos últimos meses, vários casos de racismo vieram à tona e repercutiram no mundo inteiro. Dentre eles, o caso Geoge Floyds, assinado em maio pela polícia em Minneapolis, EUA. No ocorrido, o policial branco usou o joelho para sufocar Floyds até a morte, mesmo com o homem negro afirmando que não conseguia respirar. Em seguida, o caso de racismo gerou ondas de protestos antirracistas nos EUA com o slogan “Black Lives Matter”, em português, Vidas Negras Importam.

Ademais, a repercussão do caso resultou em protestos em vários países do planeta, tais como Reino Unido, Espanha, França, Portugal, Brasil, entre outros.

 

Racismo reverso existe?

Racismo reverso não existe. Segundo a doutora em Antropologia Social e professora da Uerj, Janaína Damaceno, acreditar que o racismo reverso existe é, sobretudo, legítimar as práticas de racismo.

“Quem acredita em racismo inverso crê que há um racismo bom e ideal (o anti-negro) e um racismo mau (anti-branco). Ou seja, não vê o racismo como um mal em si. Acha o racismo anti-negro normal e natural. Acha que praticar o racismo ou viver numa sociedade racista é um direito e um privilégio adquirido inclusive para o seu prazer”, afirmou Janaína em entrevista ao portal Alma Preta.

Além disso, a professora apontou as razões que permitem esse tipo de discussão ainda nos dias atuais, mesmo com a implementação de cotas, como políticas públicas de reparação histórica. “Isso decorre de um entendimento limitado acerca das expressões racismo, preconceito e discriminação, como bem mostra o professor Kabengele Munanga. Um negro pode até ser preconceituoso em relação a um branco, o que normalmente é um caso isolado, mas isso não muda a estrutura racial brasileira”, declarou.

Por fim, Janaína concluiu que “não há racismo às avessas porque não existe uma estrutura que negue sistematicamente poder aos não negros”.

Racismo

A filósofa Djamila Ribeiro exemplifica a estrutura e ambiente em que o racismo foi construído, ao argumentar sobre a polêmica do racismo reverso no artigo “Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios”, publicado em 2014 na CartaCapital, além de ser parte do livro “Quem tem medo do feminismo negro?”.

“Para haver racismo reverso, deveria ter existido navios branqueiros, escravização por mais de 300 anos da população branca, negação de direitos a essa população. Brancos são mortos por serem brancos? São seguidos por seguranças em lojas? Qual é a cor da maioria dos atores, atrizes e apresentadores de TV? Dos diretores de novelas? Qual é a cor da maioria dos universitários? Quem são os donos dos meios de produção? Há uma hegemonia branca criada pelo racismo que confere privilégios sociais a um grupo em detrimento de outro.”

Sendo assim, é importante entender que o “racismo é um crime histórico que foi criado pelo ódio à etnia negra e que matou e continua a matar milhares de pessoas negras em todo o mundo”, conforme afirma a agência de notícias Alma Preta.

montagem de mulheres e homens negros com diferentes tons de pele
Foto:iStock

Caso Magazine Luiza

O racismo reverso foi um dos assuntos mais comentados na rede social Twitter, logo após a varejista brasileira, Magazine Luiza, ter anunciado a abertura de vagas exclusivas para pessoas negras, sem a exigência do inglês.

Para muitos, a iniciativa da companhia nada mais é que uma reparação histórica, já que os negros ainda sofrem com violência estrutural, principalmente nas posições sociais, bem como a consciência de que o racismo tem cor.  Por outro lado, a Magazine Luiza recebeu críticas e até sinalizações de boicote à empresa.

Para saber mais sobre o caso Magazine Luiza, clique aqui, e confira os principais pontos da discussão.

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1 comentário
  1. João Diz

    Se uma pessoa negra agride um pessoa branca só por ela ser branca isso e racismo. Racismo e a discriminação ou ódio dirigido a alguém por causa de sua raça, ou seja existe SIM racismo contra pessoas brancas e esse artigo e uma idiotice.

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