6 filmes sobre racismo que você precisa assistir
Certamente, um dos maiores desafios da humanidade é o combate contra as desigualdades. Embora o problema ainda persista, cada vez mais diretores produzem filmes sobre racismo e levam a discussão sobre o tema ao público geral.
O assassinato de George Floyd e muitos outros no meio da pandemia global do Covid-19 reacenderam uma conversa vital em torno da história do racismo sistêmico na América, assim como no Brasil. Houve um aumento de pedidos de mudança e justiça, não apenas no caminho da reforma policial, mas também na reforma da sociedade como um todo, a fim de construir um mundo verdadeiramente equitativo para todos. Por isso, destacamos aqui no DCI 6 filmes sobre racismo com os mais diversos pontos de vista, ajudando a enriquecer o debate em cima da valorização da identidade negra.
Selma – uma luta pela igualdade
Inspirado em fatos reais, Selma – uma luta pela igualdade é um filme que mostra a luta do ativista Dr. Martin Luther King Jr. em 1965. O foco da produção é dado aos movimentos e marchas realizados em Selma pela luta pelo direito de voto igualitário. A cidade faz parte do Condado de Dallas, local onde o povo negro representava mais da metade da população, mas menos de 1% dele possuía o direito do voto. O movimento foi chave na criação da Lei dos Direitos ao Voto, que estabeleceu o fim das práticas eleitorais discriminatórias e é um marco na luta contra o racismo nos EUA.
Infelizmente, mesmo possuindo um tremendo valor para a discussão sobre o racismo, Selma foi alvo de um boicote da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. No dia da estreia, o elenco do filme vestia camisetas com a frase “Não consigo respirar” como forma de protesto à morte de Eric Garner, morto pela policia de Nova York em 2014. Segundo o ator David Oyelowo, responsável por dar vida ao Dr. King, “os membros da Academia ligaram para o estúdio e para nossos produtores dizendo: ‘Como eles ousam fazer isso? Não vamos votar nesse filme porque não achamos que é da alçada deles fazer que isso'”. Como resultado, apesar de ganhar o Oscar de Melhor Composição para Longa-Metragem, o filme acabou esnobado pela Academia.
Green Book: O Guia
Green Book: O Guia é um filme baseado em fatos reais (com alguns exageros como de praxe em Hollywood). Seu roteiro se passa na década de 60 e mostra as dificuldades de uma viagem ao sul dos Estados Unidos para um pianista clássico afro-americano (interpretado por Mahershala Ali) e seu motorista ítalo-americano (interpretado por Viggo Mortensen). Para tentar evitar tristes situações de racismo, os dois devem seguir as dicas do “The negro motorist Green Book”, um guia real criado pelo americano Victor Hugo Green para “oferecer ao viajante negro informações que o ajude a não cair em dificuldades e constrangimentos, e torne sua viagem mais agradável”.
Embora seja um filme sobre racismo e tenha levado o Oscar de Melhor Filme em 2019, o longa possui um grande problema apontado por veículos internacionais como Indiewire e Teen Vogue. O roteiro do filme personifica o esteriótipo do “magical negro”, termo popularizado por Spike Lee e explicado no artigo Cinethetic Racism: White Redemption and Black Stereotypes in “Magical Negro” Films. O texto explica: “Os poderes desse tipo de personagem [o magical negro] são usados para salvar e transformar brancos desgrenhados, incultos, perdidos ou quebrados em pessoas competentes, bem-sucedidas e satisfeitas dentro do contexto do mito americano de redenção e salvação”.
Filmes sobre racismo: Corra!
Sem dúvidas, Corra! é um dos melhores filmes para pensar sobre racismo. Segundo o Hollywood Reporter, o principal veículo sobre cinema nos EUA, o filme é o melhor dos últimos dez anos (honraria conquistada pelo voto de 3.500 profissionais do cinema). Essa honraria vem da visão de Jordan Peele, que estreou sua carreira como diretor com esse filme já clássico. O roteiro, ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2018, inovou o gênero do terror com uma incrível mistura de humor, ficção científica e crítica social.
Corra! acompanha a viagem de Chris (Daniel Kaluuya oferece a ótima atuação) e sua namorada (Allison Williams) à casa da família dela. Em diversas ocasiões, o personagem de Kaluuya sente-se hostilizado por ser negro, mas é tranquilizado por sua namorada. Porém uma reviravolta no filme muda todo o tom da trama e gera a tensão racial tão elogiada pelos críticos cinematográficos.
Infiltrado na Klan
Dirigido pelo icônico Spike Lee, o filme Infiltrado na Klan mostra a história real de Ron Stallworth, um policial negro que conseguiu infiltrar-se em uma célula da Ku Klux Klan (KKK). Essa organização terrorista foi criada no século XIX e perpetua ideais fundados no racismo. Para conseguir derrubar essa “instituição” problemática, Stallworth comunicava-se com membros do grupo por meio de cartas e ligações telefônicas. Caso precisasse apresentar-se pessoalmente, ele enviava um policial branco para fingir ser ele. A história de Lee pinta um ótimo retrato da efervescência da cultura negra na década de 70.
O filme conta com alguns exageros para tornar o filme “divertido”, mas possui um roteiro primoroso (que até recebeu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2019). As atuações de John David Washington – que será protagonista do aguardado Tenet – e Adam Driver inegavelmente reforçam a qualidade de Infiltrado na Klan.
Ôrí – filmes sobre racismo
Este documentário de 1989 é um importante pedaço de história sobre os movimentos negros entre 1977 e 1988 no Brasil. O título Ôrí vem de um termo com origem yorubá que significa algo como “cabeça”, “consciência negra”. A cineasta/socióloga Raquel Gerber e a historiadora Maria Beatriz Nascimento uniram suas forças com o intuito de traçar um panorama social do país que engloba a população negra e mostra a importância dos quilombos na formação da nacionalidade.
Consultando uma série de movimentos negros, o documentário reconstrói a imagem “herói civilizador” Zumbi de Palmares. Assim, o documentário busca encontrar “uma identificação positiva para o homem negro moderno e livre” além do racismo. No ano de lançamento, Ôrí recebeu o prêmio Paul Robeson para filmes produzidos fora do continente africano.
12 anos de escravidão
Adaptado das memórias de 1853 com o mesmo título, o filme mostra a jornada de Solomon Northup. Ele é um negro livre em Nova York que é sequestrado e escravizado na Louisiana por 12 anos antes de ser emancipado.
A narrativa expõe as realidades sombrias da escravidão e seus efeitos psicológicos e emocionais na comunidade negra, bem como sua resiliência diante da crueldade absoluta.
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