Ainda não assistiu? Veja 5 motivos que tornam a novela Vai na Fé um sucesso
Trama de Rosane Svartman recupera números que o horário das 19h não via desde a reprise de ‘Pega Pega’
Vai na Fé chego ao horário das sete em janeiro deste ano, substituindo ‘Cara e Coragem’, e já fez mais sucesso que sua antecessora. A trama de Rosane Svartman destaca a história da mocinha evangélica Sol (Sheron Menezzes), que é convidada para ser dançarina e backing vocal do astro pop Lui Lorenzo (José Loreto). Sem dinheiro para pagar a conta de luz, a protagonista aceita o trabalho que coloca em xeque sua relação com a família.
Com a missão de elevar os números do horário que estavam baixos durante ‘Cara e Coragem’, sua antecessora, Vai na Fé tem apresentado um desempenho satisfatório. De acordo com dados do Kantar Ibope, o folhetim registrou a maior audiência para uma novela das sete em dois anos, com 26 pontos na última segunda-feira (27).
A última vez que uma trama das sete alcançou esse número foi em 2021 com a reprise de ‘Pega Pega’, recuperando o público perdido ao longo das exibições de ‘Cara e Coragem’ e ‘Quanto Mais Vida, Melhor’. O DCI listou alguns motivos que fazem da trama de Rosane Svartman um sucesso de crítica e público.
Personagens de Vai na Fé se aproximam da realidade brasileira
Ao contrário de Cara e Coragem, que mostrava a rotina de dois dublês publicitários que se envolviam em dezenas de cenas de ações, Vai na Fé é uma novela típica brasileira. A história de Sol, uma vendedora de quentinhas evangélica que luta para sustentar a família, é similar a realidade de muitas chefes de famílias que passam pelas mesmas dificuldades, criando uma identificação com o público.
Havia ainda Carlão (Che Moraes) no começo da trama, que ficou desempregado durante a pandemia e tentava arranjar inúmeras maneira de trazer dinheiro para casa. Já Jenifer (Bella Campos) se tornou a primeira de sua família a cursar o ensino superior ao ganhar uma bolsa de estudos em uma renomada universidade de Direito no Rio de Janeiro e sonha em mudar a vida da família.
Lui Lorenzo é um excelente alívio cômico
O astro decadente Lui Lorenzo (José Loreto) e sua mãe Wilma (Renata Sorrah), cafonas na medida certa, garantem grande parte das cenas cômicas da novela. O cantor arranja mil e uma maneiras de se manter na mídia mesmo depois de anos que seu auge passou – ela até vaza as próprias nudes para o jornalista Anthony Verão, uma paródia perfeita dos colunistas de fofoca da atualidade.
Ainda há as músicas produzidas especialmente para a novela na voz de José Loreto, incluindo “Vem Dançar” e “Joaninha” com refrões chicletes difíceis de tirar da cabeça – as faixas estão até no Spotify e algumas delas somam mais de 190 mil plays.
Já Wilma traz a metalinguagem para Vai na Fé ao citar dezenas de novelas da Globo das quais ela participou no auge de sua carreira como atriz. A empresária de Lui já fez inúmeras referências a clássicos como Vale Tudo (1988), Avenida Brasil (2012), entre outros medalhões da emissora.
Revelação de Clara Moneke, a ‘Katelícia’
Se você é usuário do Twitter já deve ter visto um vídeo de Kate, personagem de Clara Moneke, 24, dançando uma música de Lui Lorenzo – até a publicação deste texto, a cena já ultrapassava mais de 1,2 milhão de visualizações na rede social.
A personagem Kate é um dos grandes sucessos da novela e uma das mais elogiadas nas páginas da Globo. Também responsável por grande parte das cenas cômicas, a jovem começou a trama com pouco destaque, mas logo ganhou mais tempo tela – a menina até engatou um romance com Theo (Emílio Dantas), o grande vilão de Vai na Fé.
Essa é a primeira novela de Clara, que além de atriz também é figurinista e palhaça formada. Após anos sem retorno com a arte, a jovem cursou hotelaria e começou a trabalhar – foi quando conheceu Marcelo D2, que a indicou para um papel em sua série, de acordo com o Gshow.
Em entrevista ao Encontro, em março deste ano, Clara celebrou o sucesso da personagem e se emocionou ao dizer que quer abrir caminhos para outros jovens negros. “Pretinhas, pretinhos, não desistam. Eu estou aqui hoje porque muitas pessoas abriram os caminhos pra mim e eu espero que eu possa abrir para vocês também”, disse.
Novela com cara de novela
Uma das reclamações dos noveleiros nas redes sociais é que os folhetins da Globo exibidos nos últimos anos se assemelham aos seriados dos streamings, que possuem características e ritmo bastante diferentes do que o “público do sofá” está acostumado.
Vai na Fé recupera as características que fazem de uma novela boa de assistir: uma mocinha que desperta a torcida do público, um vilão bem definido e personagens carismáticos, como Lui e Kate já citados anteriormente.
Alguns desses elementos faltam em Travessia, que não é poupada das críticas e dos baixos números de audiência desde que estreou em outubro. A trama de Glória Perez carece de um vilão que movimente a trama de fato – foi apenas na reta final que Ari (Chay Suede) assumiu esse posto. Já Brisa, a protagonista, demorou para cativar a torcida da audiência já que até metade da trama a personagem parecia dificultar as situações para si própria, como o fato de conhecer o hacker Oto (Rômulo Estrela) e não conseguir se comunicar com a família através da internet.
Para efeito de comparação, em 27 de março, quando Vai na Fé atingiu o recorde de 25,8 pontos de média, Travessia registrou apenas 27,1 pontos, marcando pouca diferença entre elas.
Vai na Fé destaca temas sobre diversidade e religião
Vai na Fé inicialmente foi divulgada como uma trama evangélica, mas passa longe de ser apenas sobre isso. A novela de fato traz figuras cristãs como personagens principais, mas também aborda outras religiões. Além disso, o folhetim trata os temas de forma mais otimista e não tão engessada como nas tramas bíblicas da emissora concorrente.
Outro ponto que se destaca em Vai na Fé é o protagonismo negro. De acordo com o ator Samuel de Assis, intérprete do personagem Ben, 70% dos atores do elenco são pretos. Em entrevista ao UOL, ele comemorou o fato. “É uma novela especial, um elenco imenso de atores pretos. Quase 70% do elenco é preto e não é uma novela de escravos. Isso já é um marco. Atores pretos em lugares não marginalizados. São personagens bem sucedidos, trabalhadores e tipicamente brasileiros”, disse.
Vai na Fé ainda irá desenvolver a relação entre Yuri (Jean Paulo Campos) e Vini (Guthierry Sotero), após o líder do Coletivo Negro se interessar pelo colega. Enquanto isso, Clara (Regiane Alves) também se verá livre de marido tóxico Theo e se envolverá com Helena (Priscila Sztejnman), sua personal trainer, trazendo relações LGBTQIA+ para o folhetim.
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