Elliot Page é o primeiro homem trans a estampar capa da revista TIME
Após 3 meses de ter se assumido como homem transsexual, Elliot Page estrela na capa da revista norte-americana TIME, uma das mais importantes do país.
Aos 34 anos, o ator Elliot Page fez história ao se tornar o primeiro homem transgênero a estrelar a capa da revista TIME, uma das publicações mais importantes e influentes dos Estados Unidos. A nova edição deve chegar nas bancas norte-americanas somente no próximo dia 19 de março, mas a capa já foi divulgada nas redes sociais da própria revista.
Já a entrevista de Elliot à TIME, deve sair na íntegra apenas na próxima sexta-feira. No entanto, um trecho sobre a sua mudança de gênero foi adiantado pela revista. Segundo o ator, há muito tempo ele sentia “uma desconexão entre como o mundo o via, e como ele se sentia”. “Eu simplesmente nunca me reconheci. Por muito tempo eu não conseguia nem olhar uma foto minha”, afirmou.
A primeira mulher trans na capa da TIME foi a atriz Laverne Cox, em 2014. Na época, Elliot Page, estava se assumindo como homossexual para o mundo, ainda conhecido internacionalmente como “Ellen”. Page se assumiu homem transgênero somente em dezembro de 2020, ano passado.
"I'm fully who I am." Actor Elliot Page and the fight for trans equality https://t.co/ozlpoqa2sb pic.twitter.com/OAKogfmoRx
— TIME (@TIME) March 16, 2021
Quem é Elliot Page?
No dia 1 de dezembro de 2020, Ellen Page afirmou que não era uma mulher, mas sim um homem transgênero. A revelação veio seis anos depois que, ainda como Ellen, a atriz teria anunciado ser gay. Na época, ela disse que estava cansada de se esconder e mentir por omissão. Quatro anos depois, Ellen se casou com Emma Portner, uma importante defensora dos direitos LGBT.
Em seu comunicado divulgado no fim do ano passado, Elliot ressaltou a mudança do seu nome, e disse que sentia “uma enorme gratidão pelas pessoas incríveis que o apoiaram nessa jornada”. Antes de se assumir um homem trans, o mundo conheceu Ellen Page em 2008, quando viveu a protagonista do filme “Juno”. Na época, o ator foi indicado aos prêmios mais importantes da área artística, como o Oscar e Globo de Ouro. Também faz parte do elenco da saga “X-Men”. Deve voltar a aparecer na terceira temporada de “The Umbrella Academy”, já confirmada pela Netflix.
“Eu me sinto infinitamente inspirado por tantos na comunidade trans. Obrigado por sua coragem, sua generosidade, e por trabalhar incessantemente para fazer deste mundo um lugar mais inclusivo e compassivo. Sempre oferecei qualquer apoio que eu puder dar à comunidade, e continuarei lutando por uma sociedade mais amorosa e igualitária”, escreveu Elliot Page.
“Para os líderes políticos que lutam para criminalizar o atendimento de saúde às pessoas trans, negando o nosso direito de existir, e para todas as pessoas que continuam usando suas plataformas enormes para falar coisas hostis às pessoas trans: vocês têm sangue em suas mãos. Vocês incentivam uma onda de ódio vil e humilhante que cai sobre os ombros da comunidade trans, onde 40% dos adultos já tentaram suicídio. Chega! Você não está sendo ‘cancelado’, está machucando pessoas. Eu sou uma dessas pessoas, e nós não ficaremos calados diante desse tipo de ataque.”
Elliot Page, 1.dez.2020
No ano de 2016, Elliot Page veio ao Brasil e entrevistou Jair Bolsonaro, ainda quando era deputado, para a série documental Gaycation, do canal Viceland. Na época, Elliot ainda se reconhecia como uma mulher homossexual, e questionou Bolsonaro sobre as declarações polêmicas dele. Na ocasião, o atual presidente do Brasil negou ser homofóbico.
O ator contou a Bolsonaro que era gay e perguntou, então, se deveria ter sido espancado quando criança. “Eu não vou olhar para a tua cara e dizer que você é gay, para mim não interessa”, respondeu. “Muito simpática. Se eu fosse cadete militar das Agulhas Negras, se eu te encontrasse na rua, eu iria assobiar para você. Tá ok? Muito bonita.”
Bastante engajado com os direitos LGBTQi+ e também com o feminismo, Elliot Page é uma figura hollywoodiana, embora seja canandense, muito presente nos debates em relação aos direitos humanos.