O que são BDRs e como as novas regras impactam os investimentos
Desde o começo de setembro investidores de varejo passam a ter acesso à negociação de BDRs
Novas regras da CVM ajudam investidor brasileiro a diversificar a carteira com menos capital, mas ainda é preciso aguardar um pouco para ter acesso na prática.
Neste mês de setembro entraram em vigor as novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para BDRs, os Brazilian Depositary Receipts. Você sabe o que são BDRs e como estas regras podem impactar os investimentos?
Para começar, os BDRs são títulos em negociação na Bolsa brasileira que representam vínculo das empresas. Ou seja, você investe em representações de ações e não em ações. O problema é que, até agora, apenas investidores qualificados tinham acesso aos BDRs, pois era preciso investir pelo menos R$ 1 milhão.
Entretanto, a CVM mudou as regras e passou a determinar que os investidores de varejo também tenham acesso aos BRDs. Dessa forma, será possível até negociar BDRs de empresas nacionais que abriram capital fora, assim como a Stone e a XP.
Novas regras para BDRs requerem um pouco de paciência
Apesar das novas regras da CVM para BDRs terem começado a valer em setembro, ainda será preciso que o investidor pessoa física aguarde ao menos dois meses para ter acesso a elas na prática. Isso porque a B3 precisa garantir a negociação mesmo em programas que já existem.
De acordo com a B3, “só serão acessíveis ao público os BDRs não patrocinados que tenham como lastro ações de emissores estrangeiros já admitidas à negociação em mercados reconhecidos”.
Na prática, é a B3 que deve prever quais ambientes de negociação estrangeiros vai reconhecer. A partir daí, a CVM aprova o regulamento.
Segundo Fábio Galdino, head de renda variável da Vero Investimentos, é importante diversificar o portfólio e acessar este mercado de BDRs. “Mas o investidor deve ter consciência que isso deve ser apenas uma parcela do total da carteira dele e não um único investimento”.
Brasilian Depositary Receipts impulsionam inovação
Para Tiago Franco, líder da vertical de investimentos da ABFintechs, as novas regras da CVM empoderam o investidor de varejo. Assim, ele pode começar a ampliar a carteira e acessar empresas que são referências globais em seus setores.
“Esse investidor já estava se aventurando ao abrir contas em corretoras internacionais, com exposição a fraudes e complexidade tributária imensa.”, diz.
Ele também explica que, agora, um emissor que tem atividade no Brasil pode conseguir a liquidez e os termos mais benéficos do mercado global sem abrir mão do mercado local.
“A mudança tende a favorecer as empresas inovadoras e que o mercado externo recebe melhor. Ainda deve colocar um pouco de pressão sobre o mercado local de ofertas públicas.”.
Finalmente, Franco destaca a possibilidade de negociação de BDRs de fundos de índice, um investimento diversificado e barato para o investidor local.
Da mesma forma, ele explica que a diversificação se torna ainda mais relevante na conjuntura atual. “Além disso, possibilita também que o investidor se exponha igualmente a setores específicos nas bolsas internacionais.”