Bicicletas: sistema de entregas criado para mulheres e transexuais
Mulher empreendedora cria sistema de entrega expressa com bicicletas destinado a mulheres e transexuais na cidade de São Paulo.
Um sistema de entregas expressa que utiliza a bicicleta como principal meio de transporte. Essa foi a proposta que Aline Rieira apresentou quando se inscreveu no projeto Bike Negócio, uma parceria entre o Instituto Besouro com o grupo Itaú Unibanco e o Instituto Aromeiazero, que buscava incentivar empreendimentos que utilizassem a bicicleta como ponto central. Os cursos foram desenvolvidos com a metodologia ByNecessiity, idealizada por Vinicius Mendes Lima, fundador do Besouro.
O método permite o ensino, de modo simples e objetivo, sobre como abrir uma empresa a pessoas em situação de baixa renda e escolaridade, grupos étnicos desfavorecidos e demais interessados. O Bike Negócio teve duas turmas em São Paulo e no Rio de Janeiro em outubro de 2018. O diferencial do projeto pensado por Aline está não só no meio de locomoção utilizado como também nas pessoas que fazem esse trabalho. Com uma proposta de empoderamento, o Señoritas Courier é realizado só por mulheres e pelo público LGBTQ.
Entregas de pequeno porte
As entregas e encomendas são feitas em toda a cidade de São Paulo. São expedidas com horário marcado para facilitar o trabalho da equipe, que conta com 16 funcionários, entre eles, dois homens trans. O tipo de encomenda entregue pelo sistema ainda consiste em entregas de pequeno porte. “Chegamos a ter uma cliente que enviava flores, mas optamos por contar com mais empresas que ofereçam serviços e produtos de pequenos volumes, documentos, correios”, afirma a empreendedora. Mas a experiência de Rieira com bicicletas não é de hoje.
Amor pela bicicleta
Em 2015, ela colocou em prática o Selim Cultural, um projeto que propõe um passeio de bicicleta pelas ruas da cidade e que ela conheceu durante uma viagem à Colômbia. Entretanto, o projeto foi engavetado pela perda de parcerias importantes. Em paralelo a isso, Rieira entrou em depressão pelo fim do casamento e o amor pela bicicleta foi o que fez com que ela não desistisse de vez. “A única coisa que me deixava bem era praticar atividade física”, diz. Em setembro de 2015, ela começou a atuar como freelancer para uma empresa do ramo, na qual ficou até começo de 2017.
Para tirar o Señoritas do papel, o maior desafio foi entender como chegar a um ponto de equilíbrio em relação ao valor de remuneração e como fortalecer a empresa junto ao público. Rieira defende uma nova visão sobre a presença feminina no mercado de trabalho. “Já vi muitas mulheres perderem entregas por serem encaradas como mais lentas, mais medrosas, menos autônomas”, afirma. “Minha vontade é de mostrar que somos únicas, somos diversas e, ainda assim, damos conta do trabalho”. Com a Besouro, ela passou a ver o projeto como empreendimentos possível.