Dengue: Infestação avança em Ribeirão Preto

Ribeirão Preto – A dengue está ainda mais presente em Ribeirão Preto, cidade do interior paulista localizada a 313 quilômetros da capital. O índice Breteau, que mede a infestação com larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da moléstia, aumentou de 1,7 em outubro do ano passado para 1,9 no mesmo mês deste ano, de acordo com a Divisão de Controle de Vetores do município.

Ribeirão Preto – A dengue está ainda mais presente em Ribeirão Preto, cidade do interior paulista localizada a 313 quilômetros da capital. O índice Breteau, que mede a infestação com larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da moléstia, aumentou de 1,7 em outubro do ano passado para 1,9 no mesmo mês deste ano, de acordo com a Divisão de Controle de Vetores do município.

O índice é calculado de acordo com a quantidade de focos do mosquito Aedes aegypti encontrados a cada cem domicílios vistoriados. A proporção do índice indica que, de cada 1 mil imóveis na cidade, pelo menos 19 apresentaram focos de infestação pelo mosquito. De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), um índice de infestação acima de um representa risco à saúde pública.

De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Maria Luiza da Silveira Santa Maria, no segundo semestre deste ano foi feita a vistoria em 183 mil imóveis e encontrados 1.281 focos de dengue. Apesar disso, a cidade registrou, de janeiro a outubro, 19.243 casos de dengue. No mesmo período do ano passado, eram 29.343 casos.

Ainda assim, a epidemia de dengue causou, em 2011, efeitos mais nocivos à população: só neste ano, 12 pessoas morreram pela doença. No ano passado foram nove. Considerando 259 casos graves registrados em 2010, o índice de letalidade da doença fechou o ano em 3,5%. Já em 2011, o índice atinge 6,2%, com 193 casos graves registrados.

Regiões

O índice pode auxiliar no julgamento sobre quais regiões devem ter ações intensificadas. Em Ribeirão Preto, a zona oeste é a mais afetada pela dengue. Foram registrados 5.356 casos na região, o que representa 27,8%. Em seguida está a zona norte, com 4.500, e zona leste, com 4.107 casos.

Segundo a chefe da Vigilância Epidemiológica, Ana Alice de Castro e Silva, os casos de dengue devem aumentar a partir deste mês, com a chegada das chuvas e, de acordo com o secretário da Saúde, Stênio Miranda, porém, é essencial que a população entre definitivamente na guerra e ajude as autoridades a combater o problema. “Sabemos que, por mais que atuemos na prevenção, a colaboração dos moradores é essencial para que o problema seja resolvido. O clima de Ribeirão, muito quente, é perfeito para o mosquito e, se não houver conscientização, todo o trabalho – que não é pequeno – feita pela prefeitura não serve de muita coisa. É como enxugar gelo, mas com consequências infinitamente mais perigosas”, informa.

Medo

A situação torna-se ainda mais complicada porque Ribeirão Preto tem a circulação dos três tipos de vírus da dengue registrados no Brasil e há indícios que o quarto tipo também já circule pela região. Com isso, a possibilidade da presença de dengue hemorrágica, forma mais severa da doença onde um percentual maior dos casos terminam em óbito, torna-se mais provável.

Comum a toda a cidade, porém, é o sentimento de medo que toma conta das pessoas. O empresário Bruno Assunção, 34, é um dos que tem medo da situação. Ele já teve a doença em 2009 e, se voltar a ser picado por um mosquito que tenha que contenha o mesmo tipo da doença, ela pode desenvolver a dengue hemorrágica, forma mais severa da doença. “Sofri muito com a doença, passei uma semana sem nem sequer conseguir levantar da cama. Perdi quase dez quilos. Fico imaginando o que aconteceria se eu pegasse a hemorrágica. Nem gosto de imaginar”, comentou ele, que mora no bairro Sumarezinho, na zona oeste da cidade.

Problema histórico

No ano passado, em todo o Estado de São Paulo houve 187.707 casos de dengue, 138 deles com mortes, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde. Em 2010, Ribeirão Preto foi a cidade paulista que registrou o maior número de doentes. Foram quase 30 mil, sendo que nove desses pacientes morreram. Trata-se da maior quantidade de casos da história da cidade, que respondeu, sozinha, por quase 15% do total de casos da doença no estado.

Essa não é, entretanto, a primeira grande epidemia de dengue registrada na cidade. Desde a década de 1990, a dengue é um problema que atormenta a saúde pública de Ribeirão. A primeira epidemia aconteceu justamente em 1990, quando foram registrados quase 9 mil casos. A segunda foi em 2001, com 3.190 casos. Em 2006, a situação foi mais grave, houve três mortes e quase 6 mil casos de dengue.

De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde do município, Maria Luiza Santa Maria, o combate ao mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, foi intensificado nos últimos meses. “Os agentes em saúde vão quinzenalmente a 578 pontos estratégicos espalhados na cidade, como borracharias e casas abandonadas”, diz. Nas visitas, os funcionários aplicam larvicida em ralos e calhas e retiram possíveis criadouros, como pneus, pratos de vasos e garrafas. Os moradores também recebem orientações sobre como evitar o surgimento de novos focos da dengue. Em regiões onde houve casos positivos da doença, os agentes aplicam praguicidas nas casas.

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